SOLIDARIEDADE À PROFESSORA ÊMY DO IFCE E SOBRE AS PESSOAS TRANS NO MUNDO DO TRABALHO

Janeiro é o mês da visibilidade trans, momento de conscientizar a sociedade sobre a existência e a resistência de uma parcela da população que tem seus direitos negados historicamente. Além de lutar pelos direitos mais básicos, como o uso do nome social por exemplo, a população T enfrenta cotidianamente violências que ameaçam e encerram suas vidas. O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo*.

A crueldade do mundo do trabalho, que super explora as minorias para elevar suas taxas de lucro, é ainda mais perversa com as pessoas trans. Desde a formação escolar e universitária enfrentam barreiras** que vão desde o preconceito até a proibição de usar banheiros públicos. Resulta que as oportunidades de emprego acabam ocorrendo não por seus currículos, mas por indicações de amigos ou ongs, sendo que grande parte ainda fica relegada ao trabalho informal, e um número significante de pessoas tem a prostituição como única possibilidade.

Poucas pessoas da comunidade T conseguem chegar aos melhores cargos e ter bons salários. Quando furam todas as barreiras impostas, se deparam com um ambiente de trabalho que reflete a intolerância da sociedade. A transfobia atravessa as relações de trabalho e resulta muitas vezes no adoecimento mental da vítima.

O caso de Êmy Virgínia Oliveira da Costa revela essa realidade. Primeira professora trans do Instituto Federal do Ceará, Êmy foi demitida após responder um PAD irregular e sem qualquer isonomia. Cabe salientar que o processo foi instaurado quando a professora tentava cursar seu doutoramento em uma universidade do Uruguai, tendo ela solicitado adiantar suas obrigações laborais para frequentar as aulas. Essa é uma prática conhecida, que outros servidores já realizaram sem qualquer sanção. O caso se enquadra como perseguição, envolvendo situações de assédio que se arrastaram durante os sete anos de serviço, e deve ser imediatamente revisto.

A Unidade Classista declara sua solidariedade à professora Êmy e repudia as ações da reitoria do IFCE.
Apoiamos também a luta do SINDSIFCE e SINASEFE, para que busquem os melhores caminhos para que a justiça seja feita.

Transfobia é crime!

Dra. Êmy Virgínia Oliveira da Costa, professora do IFCE!

UNIDADE CLASSISTA
COORDENAÇÃO NACIONAL

  • Trans Murder Monitoring, 2020.
    ** Relatório projeto TransVida, Grupo pela Vida
  • Sinasefe.org.br