A LUTA DOS TRABALHADORES DO TRANSPORTE URBANO CONTINUA!

Há pouco mais de uma semana, no dia 26 de agosto, os rodoviários de Juiz de Fora, pressionados pela prefeitura e pelo empresariado, votaram pela adesão à um acordo coletivo após greve histórica da categoria. Foram 1180 votos, sendo 833 a favor do acordo, 346 contrários e 4 nulos. O acordo compreendia: redução salarial de 40% para 60% de carga horária; desconto de 10% no ticket de alimentação; cesta básica ainda mais básica com diminuição de itens; e suspensão dos direitos ao quinquênio e premiação de férias.

É notório que esse acordo não era de longe o horizonte da mobilização da categoria que realizou uma greve histórica durante mais de uma semana e que já vinha realizando paralisações nos meses anteriores. A greve, que partiu de uma auto-organização da categoria, contou com o apoio fundamental de outros trabalhadores e durante muitos dias uma “onda azul” tomou as ruas centrais de Juiz de Fora. Essa mobilização foi uma resposta necessária e urgente à todos os ataques e a toda exploração da qual a categoria vem sendo alvo. Entretanto, a categoria que já há muito vem sofrendo na pele diversos ataques em prol da farra de meia dúzia de empresários, ao se mobilizar sofreu repressões, tentativas de isolamento e de desmoralização por parte dos patrões.

A prefeitura de Juiz de Fora, que atua colocando o peso sempre nas costas da população usuária e dos trabalhadores para assegurar a manutenção dos lucros dos magnatas do transporte urbano, pressionou até o Tribunal Regional do Trabalho para agir contra os rodoviários, obrigando a circulação de 60% da frota sob pena de multa e autorizou a circulação de vans escolares como forma de transporte coletivo, algo grave, visto que, além de ser uma tentativa de boicote à forma legítima e histórica de mobilização dos trabalhadores, também autorizou a circulação de um meio que amplia as possibilidades de contágio em meio à pandemia da COVID-19 e que não tem nenhuma garantia de cumprimento de itinerários, precificação, acessibilidade e gratuidade para idosos e gestantes.

Lamentavelmente, a categoria diante dessas condições teve que ceder e optou pelo acordo coletivo e ainda assim, a classe patronal sempre tentando sugar o máximo dos trabalhadores em prol de suas margens de lucro, segue passando por cima dos direitos históricos dos trabalhadores e da categoria dos rodoviários. Foram suprimidas por parte do empresariado duas cláusulas do acordo, uma que compreende a manutenção da função do cobrador após a implantação da bilhetagem eletrônica, vetando a dupla função de motoristas e outra que ataca às trabalhadoras gestantes, retirando a garantia de 30 dias além do previsto na legislação para garantia de emprego ou estabilidade provisória.

Nós trabalhadores rodoviários não aceitaremos as retiradas das cláusulas pela patronal, isso não corresponde com o que foi deliberado e acordado pela categoria e ataca cada vez mais trabalhadores e trabalhadoras que lutam para sobreviver e para garantir a sobrevivência de suas famílias. Trabalhadores e trabalhadoras que estão fartos de tanto serem golpeados por aqueles que só se interessam por seus lucros, que sofrem os duros impactos da contrarreforma trabalhista, com a pandemia e com dificuldades que não param de se somar.

Nós, Rodoviários Classistas de Juiz de Fora, continuamos ativos na luta!

Nenhum direito a menos! Há luta e à luta!