Universidades privadas demitem professores em massa no RS

 

Seguindo a mesma onda das empresas educacionais privadas do país, beneficiárias diretas da reforma trabalhista que ataca direitos dos trabalhadores e trabalhadoras¹, as universidades privadas UniRitter, Fadergs e a URI de Frederico Westphalen (FW), todas situadas no Rio Grande do Sul (RS), estão demitindo professores em massa desde o final de 2017.

A URI anunciou no início do ano a demissão de, pelo menos, 45 professores somente do campus de FW, no norte gaúcho. A Fadergs demitiu 30 professores, de um total de 132 docentes da instituição. Já a UniRitter demitiu aproximadamente 150 professores em dezembro passado². Recordando que em julho do ano passado, a PUC-RS também demitiu aproximadamente 100 professores dos seus quadros.

Sob os argumentos de “reinventar-se”, “modernizar” e “atualizar” as Reitorias das instituições utilizaram-se das “facilidades” que a reforma trabalhista permite para demissões e irão contratar novos docentes com condições ainda mais precárias para substituir os demitidos. Tudo isso para ampliar a lucratividade das empresas educacionais, que são as maiores beneficiadas dos programas de transferência de recursos públicos para o setor privado, como o FIES, Prouni e Pronatec.

O caso da UniRitter é ainda mais expressivo quando analisado sob a lógica da educação-mercadoria. Ela é ligada à Laureate International Universities, uma rede global de instituições privadas de ensino com sede em Mayland-EUA, que possui 76 instituições pelo mundo em 29 países, sendo 12 instituições apenas no Brasil. Além da UniRitter e da Fadergs, também fazem parte do grupo as Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e a Universidade Anhembi Morumbi (UAM). Todas estas demitiram diversos professores e professoras ao longo do ano passado, após a aprovação da reforma trabalhista. E, ao mesmo tempo em que demitiu em massa, a UniRitter inaugurou seu novo “campus” para 4 mil alunos no Shopping Center Iguatemi Business, que integra o complexo comercial localizado em um bairro nobre de Porto Alegre³. Ou seja, economiza com a retirada de direitos  trabalhistas e investe no produto que vende, com qualidade ainda pior.

Além da contratação de professores de forma precária, as empresas educacionais adotarão medidas que trarão mais prejuízos para a qualidade da formação dos estudantes, tais como: agrupamento de disciplinas, aumento de disciplinas de Ensino à Distância (EaD) e maior concentração de estudantes em sala de aula, ou seja, produzir  a mercadoria força de trabalho com menor custo e tempo possível.

O Sinpro-RS e as organizações estudantis tem se mobilizado para reverter as demissões e as mudanças curriculares nas instituições. No caso da UniRitter, a Justiça do Trabalho havia deferido liminar que suspendia as demissões, porém o Presidente do TST, Ives Gandra Martins Filho, revogou a liminar e manteve, assim, as demissões.

 

 

  1. Conferir http://unidadeclassista.org.br/uc1/3176
  2. Conferir http://www.extraclasse.org.br/exclusivoweb/2017/12/uniritterlaureate-demite-professores-em-massa/
  3. Conferir http://www.extraclasse.org.br/exclusivoweb/2018/01/campus-do-uniritter-em-shopping-reforca-opcao-mercantil-da-laureate/