Reitoria quer sede do sindicato longe das unidades acadêmicas da Unirio

A diretoria da Adunirio foi informada oficialmente pela reitoria no dia 31 de janeiro que deverá deixar a sede que já ocupa há mais de 30 anos no Centro de Ciências Jurídicas e Políticas (CCJP). A notícia foi dada como resposta à solicitação de renovação do termo de permissão do uso do espaço feita pelo sindicato no dia 25 de novembro de 2016.

De acordo com o reitor Jutuca, a remoção da sede da seção sindical do Andes-SN da Unirio atende à demanda dos cursos de pós-graduação do CCJP por mais espaço e não há possibilidade de reacomodação em nenhuma das unidades acadêmicas da universidade. A única possibilidade de remanejamento da Adunirio apresentada – e não confirmada – pela reitoria seria instalá-la em uma sala na avenida Rio Branco, onde já se encontram algumas unidades administrativas da Unirio.

A diretoria da Adunirio afirmou durante a reunião com a reitoria – da qual participaram também o decano, diretores de Escola, coordenadores de curso de graduação e pós e chefes de departamento do CCJP – que, frente a precarização do trabalho, considera legítima a demanda por mais espaço na universidade e que este é, inclusive, um ponto na pauta de reivindicações da seção sindical. Considera, porém, que a ausência de uma proposta de solução garantindo a manutenção da sede dentro das unidades acadêmicas da Unirio, ao alcance de professoras e professores no seu cotidiano, pode interferir seriamente no acesso do sindicato a categoria, e vice-versa.

Além disso, a decisão da reitoria contraria o compromisso firmado pelo vice-reitor no dia 3 de novembro de 2016, em uma primeira reunião com a diretoria da Adunirio para tratar do assunto da renovação do termo de permissão. Naquele momento, o representante da reitoria, acompanhado da chefia de gabinete, havia certificado que a seção sindical era muito bem-vinda no espaço acadêmico da Unirio e continuaria no seu lugar, o que fez com que o ofício do dia 25 já mencionado solicitasse apenas o encaminhamento do que já havia sido acertado.

Em resposta ao comunicado da reitoria, a Adunirio informou que levaria a questão para sua próxima assembleia, a ser realizada em março. Solicitou ao reitor que a proposta fosse enviada por escrito para que fosse apreciada coletivamente pela categoria. O diretor da Adunirio, Rodrigo Castelo, disse aos presentes, durante a reunião do dia 31, que a “expansão temporária com precarização permanente”, implementada nos últimos anos, e os encaminhamentos propostos pela reitoria na alocação dos espaços reforça uma lógica conflituosa entre colegas de trabalho, o que deve ser evitado a todo custo, com a predominância das lutas e soluções públicas e coletivas.

“A sede do sindicato, além de servir para as reuniões da diretoria, dos Conselhos de Representantes e Fiscal e para o atendimento jurídico, também é frequentada por aposentados que se reúnem neste espaço da universidade”, afirmou a diretora Andrea Thees, lembrando o quanto a Adunirio é uma promotora de sociabilidade no interior da universidade quando a tendência geral é de isolar e afastar as pessoas umas das outras.

A coordenadora substituta do curso de Ciência Política, Márcia Ribeiro, expressou reconhecimento pela importância do sindicato, mas reafirmou uma fala anterior da decania do CCJP de que nem a ocupação do espaço da atual sede da Adunirio pelos programas de pós-graduação solucionariam os problemas de falta de espaço no campus. A professora defendeu ainda que se deveria buscar uma solução para o casarão que abriga parte do CCJP – alguns andares se encontram sem uso por falta de reforma – pois a cada dia que passa essa edificação histórica se deteriora mais.

Leonardo Castro, diretor da Adunirio, lembrou que “a questão dos espaços da universidade é um tema global e deve ser discutida publicamente nos fóruns de deliberação da Unirio”.

Despejo de sindicatos

Em abril de 2016, o Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp) recebeu uma ordem de desocupação da sede que ocupa há mais de três décadas sem a apresentação de qualquer justificativa por parte da reitoria. A diretoria resiste até o momento e afirmou ao portal G1 que “uma tentativa de reintegração de posse não ocorre desde a época de ditadura militar, em 1979, quando veio uma notificação pedindo que o Sintusp saísse de sua sede, todavia oferecendo uma sala na ECA ao sindicato”.

No dia 2 de julho de 2016, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal Fluminense (SINTUFF) foi expulso de sua sede na UFF por uma ordem de despejo apresentada pela Polícia Federal.

O movimento sindical identifica nesses casos uma tentativa de criminalizar movimentos de luta e enfraquecer a resistência às atuais ofensivas contra as retiradas de direitos. Os delegados do 36º Congresso do Andes-SN reunidos na semana passada aprovaram uma nota de repúdio à tentativa de despejo da Adunirio e à perseguição política sofrida pelos técnicos-administrativos.

*Atendendo à solicitação do reitor Jutuca, a Adunirio não registrou nenhuma imagem sua durante a reunião e não a utilizamos nesta matéria, embora compreendamos que se encontrasse no exercício da função pública e que qualquer veículo de imprensa tenha liberdade para bem informar o público.

Extraído de http://www.adunirio.org.br/joomla/index.php?option=com_content&view=article&id=426%3Areitoria-quer-sede-do-sindicato-longe-das-unidades-academicas-da-unirio&catid=18%3Anoticias&Itemid=19