Nota pública da Unidade Classista/PCB em relação ao encerramento da greve do magistério no RS

 

Novamente, repetindo sua postura submissa ao governo Sartori, a Direção Central do CPERS decide encerrar uma greve de forma precipitada.

A Assembleia Geral, ocorrida na tarde do dia 04 de agosto de 2017 na Casa do Gaúcho em Porto Alegre, contava com um número significativo de associados da categoria, ainda que a direção central não tenha mobilizado praticamente nenhum dos seus núcleos.

Apesar do pouco tempo que tivemos para mobilizar nossa categoria para a greve, a mobilização estava em uma linha ascendente. A categoria exigia do nosso sindicato uma resposta firme diante do absurdo parcelamento do nosso salário, com apenas 650,00, e posteriores 450,00 reais entrando na nossa conta, bem como dos cruéis projetos de lei que querem legalizar o parcelamento dos nossos vencimentos. Entretanto, a Direção Central encerrou a greve sem ainda termos nossos salários integralizados, prestando mais um serviço ao governador Sartori, que tem se beneficiado com esta política vacilante do nosso sindicato.

Mas é preciso dizer que não foram somente as forças da CUT e da CTB que decidiram por encerrar a greve. Grande parte da oposição foi cooptada pela direção central e adotou a mesma postura recuada.

Nós, da Unidade Classista/PCB, votamos e mobilizamos a categoria para continuar na greve. Na nossa avaliação, foi um grande equívoco encerrar a greve, pelos seguintes motivos:

– A greve estava apenas iniciando. Entretanto, já nesses dois dias de greve, era notório que a adesão estava aumentando, ainda que sem os esforços de mobilização das direções.

– A direção do CPERS sequer havia iniciado qualquer negociação com o governo. Encerramos a greve sem entregar nenhuma pauta de reivindicações a Sartori!

– A categoria exigia do nosso sindicato uma postura firme em relação ao parcelamento.

– O encerramento da greve de forma precoce e sem termos conquistado absolutamente nada, ou melhor, sem termos sequer entregue alguma pauta de reivindicações ao governo, dificultará nossa mobilização para uma próxima e necessária greve. A categoria perde cada vez mais a confiança no nosso sindicato.

– O Conselho Geral do CPERS não necessariamente representa os anseios da categoria. Em grande parte, este conselho está formado por forças da direção, que sequer mobilizaram para esta greve. Soma-se a isso também o fato de parte da oposição ter capitulado junto com a direção. Portanto, o fato de a maioria dos núcleos terem deliberado pelo fim da greve no conselho não significa que isso seja uma vontade da categoria. O que ficou evidente é que, na maioria dos núcleos que deliberaram pelo fim da greve no conselho geral, não houve nenhum esforço de mobilização real.

A divisão dos votos na assembleia geral deixou bem claro que a base rompeu com os seus dirigentes burocratas, pois não faltaram muitos votos para que a greve continuasse. Certamente a direção central, e as forças da oposição que capitularam, esperavam vencer a assembleia de forma tranquila e folgada. Mas não foi o que ocorreu. As bases, numa evidente atitude de rompimento com as suas direções burocratas, votaram pela continuidade da greve.

Diante destes elementos, nós da Unidade Classista/PCB denunciamos mais uma vez a atitude passiva da direção central, bem como a capitulação de parte das forças de oposição que se uniram ao oportunismo político da direção. Além disso, conclamamos à militância de base do CPERS a manter-se mobilizada, pois será mais do que necessário enfrentarmos de forma contundente o governo Sartori ainda neste ano. Se não fizermos isso, corremos o sério risco de termos nossos salários atrasados por meses. A nossa luta hoje tornou-se uma questão de sobrevivência.

Defendemos também a criação de comitês permanentes de mobilização por escola, comitês estes escolhidos pelos funcionários e professores, para defesa dos direitos da categoria e de uma educação de qualidade.  As escolas, por meio desses comitês, devem mobilizar os pais e os estudantes para que se somem nessa luta pela educação pública que, infelizmente, está se encaminhando para a privatização.

A greve feita de forma parcelada foi derrotada em 2015, com uma grande ajuda da direção central. Este tipo de greve não funciona! Só com uma mobilização intensa conseguiremos dobrar este governo.

Convocamos as bases do CPERS a desobedecerem seus e suas dirigentes burocratas e oportunistas, e a unirem-se à Unidade Classista no combate sem tréguas ao governo Sartori.

Abaixo a capitulação da direção! Abaixo o oportunismo de algumas forças da oposição! Pela construção de uma grande greve do magistério do RS!

Com saudações revolucionárias

 

Unidade Classista/ PCB – RS