Asfoc de Luta

CARTA DE APRESENTAÇÃO

 

Trabalhadoras, trabalhadores e estudantes da Fiocruz,

é com grande satisfação e orgulho que nos apresentamos a todos vocês como alternativa à direção da Asfoc-SN nas eleições que acontecerão em novembro próximo. Nos constituímos – e nos renovamos – a partir de um grupo que, três anos atrás, tomou a decisão de concorrer ao sindicato, rompendo com uma cultura de silenciamento das divergências que acusava – e ainda acusa – qualquer disputa democrática como “divisionismo” e enfraquecimento institucional. Ao longo desse tempo, continuamos mobilizados e organizados no dia a dia do trabalho, nos debates institucionais e nas lutas que movimentaram a sociedade também fora dos muros da Fiocruz. Avançamos, dialogando, trocando impressões, desenvolvendo ações coletivas e nos aproximando de um contingente cada vez maior de trabalhadores que, finalmente, encontravam uma oportunidade de construir juntos um espaço para se organizar e criar alternativas.

Hoje somos muitos, somos mais, somos diversos. Ao lado dos 14 nomes inscritos na chapa que concorre à eleição, somos um grupo muito maior de trabalhadores e estudantes que reivindicam diariamente a defesa desta instituição, do serviço público, das políticas sociais e dos direitos de todos os trabalhadores. E isso se materializa na proposta de um sindicato classistaautônomo e construído pela base.

Mais do que um princípio, essa é uma exigência da conjuntura. Afinal, o mito de que era possível (e desejável) defender os interesses corporativos dos servidores da Fiocruz a despeito do que ocorresse com o resto do mundo simplesmente caiu por terra num momento como o atual, em que a intensidade da crise econômica leva a um ataque orquestrado e indiferenciado ao conjunto da classe trabalhadora. Ameaças como a reforma da previdência – que propõe extinguir o regime próprio do funcionalismo -, o Plano de Demissão Voluntária (PDV) e a reestruturação das carreiras do Executivo, que tem sido prometida pelo governo federal, são exemplos mais do que suficientes de que nós, servidores públicos, estamos no centro dessa batalha. A realidade brasileira hoje parece pedagógica também ao mostrar que, para defender os servidores públicos, é preciso defender as instituições públicas, as políticas públicas que elas desenvolvem e a parcela da população a quem elas servem. No nosso caso específico, parece claro que a luta por melhores salários, progressão na carreira, condições de trabalho e aposentadoria, para ficarmos apenas em alguns exemplos, não pode estar descolada da luta pelo SUS, pela educação pública, pelo desenvolvimento da ciência & tecnologia e pelos direitos de toda a classe trabalhadora que depende dessas políticas. Talvez hoje a conjuntura adversa torne isso mais claro, mas essa convicção – de que a luta corporativa é fundamental mas insuficiente – é o que orienta, desde sempre, uma concepção de sindicato classista.

Também como temos sentido na pele, a expressão política desse ataque aos direitos conquistados tem sido o avanço do conservadorismo, da repressão, da restrição às liberdades individuais e à autonomia de instituições de ensino e pesquisa como a Fiocruz. Por tudo isso, pela defesa dos trabalhadores e até da própria instituição, é preciso cada vez mais garantir a independência do sindicato em relação a qualquer gestão e governo. Para além da conjuntura, no entanto, essa é a clareza que orienta, também desde sempre, uma concepção de sindicato autônomo.

Como vimos, é longa a lista de retrocessos e ameaças que devem pautar nossa organização e luta nos próximos anos. Mas é preciso não perder de vista que, em alguma medida, todas elas estão embaladas numa derrota maior, de toda a classe trabalhadora: a derrota de uma estratégia de negociação pelo alto, que apostou todas as fichas na via da institucionalidade e na crescente desmobilização das massas. Essa estratégia, que acabou criando um abismo entre um corpo burocratizado de dirigentes e os trabalhadores que eles deveriam representar, culmina hoje com um triste retrocesso dos poucos direitos conquistados. Na Fiocruz, esse processo foi ainda mais intenso. Aqui, a desmobilização das bases e o burocratismo do sindicato vêm acompanhados de um processo de aparelhamento, cooptação e constrangimento de trabalhadores, com métodos indisfarçadamente autoritários que visam criminalizar qualquer divergência e silenciar o debate. É contra essa estratégia – e como caminho para superar nossa derrota – que defendemos uma concepção de sindicato construído pela base.

Só assim será possível lutar, de fato, em defesa da democracia. Não como um valor abstrato, simples palavra de ordem, e sim como prática concreta, que se dirige ao conjunto da sociedade mas se expressa também nas relações internas. Mas uma democracia de verdade. E isso exige que se lute contra as relações opressoras de trabalho, que se cobre transparência nas decisões que envolvem a coisa pública e, principalmente, que se combatam práticas autoritárias que abafam as divergências e, quando muito, reduzem a participação ao voto, burocrático e despolitizado. Afinal, o que a conjuntura também tem nos mostrado é que a recusa ao debate está na raiz da intolerância e da violência que se tornou marca dos dias atuais.

Não há democracia nem luta real por direitos sem construção coletiva, de baixo para cima, numa combinação permanente de participação e representação. Por isso, este é um convite para construirmos juntos um sindicato que seja de todos nós.

Por um sindicato classista, autônomo e construído pela base. Por uma Asfoc de Luta!

 

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