Nota Política sobre o crime da Vale em Brumadinho

Assistimos nos últimos dias o drama da comunidade de Brumadinho que viu parte de seus habitantes e de sua história serem levados pelo mar de lama oriundo do rompimento de uma barragem.

Primeiramente, nos solidarizamos com os envolvidos nessa tragédia, principalmente  com aqueles que perderam seus entes queridos. E para que esse crime não aconteça mais, precisamos analisar toda a situação sob o prisma político. A Vale foi uma empresa pública privatizada em 1997, então sob  o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por um preço muito abaixo do que valia. Os capitalistas compradores naquela época, não somente ganharam um poder econômico grande como um poder político imensurável, tanto que financiaram,  ao longo dos anos, as campanhas de vários deputados e candidatos a cargos majoritários da situação e oposição. Lembremos que o ex-governador de Minas, Fernando Pimentel, estava vestido com o uniforme da Samarco na época do crime de Mariana. O fato é que nenhuma punição foi aplicada à mineradora até hoje pela destruição do distrito de Bento Rodrigues (em 2015), fruto de sua influência também no poder judiciário.

Está claro que esse é um problema que se inicia com o ciclo de privatizações, passando por vários governos,  até que chegamos à destruição de parte de Brumadinho, com o saldo de mais de 300 mortos, fora o impacto ambiental de grandes proporções. Além disso, o crime é de caráter trabalhista também, aliás, um dos maiores acidentes de trabalho do Brasil, haja vista que os trabalhadores estavam completamente vulneráveis durante o rompimento da barragem e os sistemas de alerta não foram ativados. Por fim, a empresa tem o costume de criminalizar quem luta contra as contradições que ela gera e financiar lideranças locais de cidades interioranas para conseguir apoio.

As soluções para o caos instaurado passam pela mudança do modelo de gestão da atividade mineradora, hoje voltada para atender aos interesses de capitalistas e de especuladores a todo custo,  para um modelo que esteja em consonância com os interesses populares. Para tanto, é importante a reestatização da Vale e dar início a uma luta por uma estrutura de gestão popular e que privilegie a preservação do meio ambiente e das cidades onde ela está presente, sem demissões para os trabalhadores.

Apesar da Vale estar apresentando “bodes expiatórios” para seus crimes, exigimos a punição imediata e rigorosa de todos os verdadeiros responsáveis, tanto pelo desastre em Mariana,  quanto em Brumadinho! Queremos a restauração das cidades destruídas, reparação para os familiares que perderam seus entes queridos e trabalho árduo para recuperação do meio ambiente atingido.

Pela reestatização da Vale sob controle popular!

Em defesa da vida e dos direitos das populações atingidas!

Todo apoio ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)!

 

Coordenação Estadual da Unidade Classista de Minas Gerais – fevereiro de 2019