TARCÍSIO DE FREITAS, UM TRABALHADOR?

por Gustavo Gaiofato

Um dos golpes mais duros que a classe trabalhadora sofreu nas últimas décadas foi o processo de fragmentação e desmobilização das lutas sindicais, com origens que remontam às novas formas de organização do trabalho a partir da gestão neoliberal do capitalismo e ao decaimento do papel dos sindicatos e sua atuação prática na luta pelos interesses da classe trabalhadora sob uma ótica classista.

Essa degeneração política e ideológica do trabalho sindical foi continuada sob os governos Lula e Dilma, e acentuada com a escalada do golpe de 2016 e todas as contrarreformas e pacotes de austeridade neoliberais, iniciados com Temer e aprofundados sob a gestão Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes, que representam os interesses do conjunto da classe capitalista, como grandes empresários, banqueiros, latifundiários e rentistas.

Para que nossa classe possa avançar nos debates e lutas, é fundamental que seja estabelecido um trabalho político sindical que tenha como horizonte a emancipação econômica e política da classe trabalhadora através da sua organização nos locais de trabalho e na agitação dos segmentos sociais prejudicados pelas políticas liberais.

Sendo essa uma necessidade imprescindível do nosso tempo, é inaceitável que as maiores centrais sindicais, que organizam o ato histórico do Dia do Trabalho no Vale do Anhangabaú, convidem o governador Tarcísio de Freitas para compor esse momento histórico de luta da nossa classe.

É preciso lembrar que o governador foi membro durante toda a gestão do governo Bolsonaro como Ministro da Infraestrutura – cercado por casos com irregularidades e apontamentos de corrupção -, gestão essa que atacou duramente a classe trabalhadora com a ampliação dos pacotes fiscais, a negligência genocida durante a pandemia da COVID-19 e o aprofundamento da crise material vivida por todo o proletariado no período.

Além disso, Tarcísio mantém (e amplia) as políticas econômicas que atendem todo o conjunto da classe capitalista, seja através das privatizações, como é o caso do flerte em ampliar a concessão das linhas da CPTM, iniciadas pela gestão de Rodrigo Garcia, e de trechos do Rodoanel, ou através de políticas que prejudicam e minam qualquer possibilidade de dignidade da classe trabalhadora, como o fim do programa Bom Prato, que garantia alimentação diária para milhares de pessoas, e o projeto para enviar pessoas em situação de vulnerabilidade social nas ruas dos grandes centros urbanos para trabalhar em propriedades agrícolas sem qualquer garantia trabalhista e com um viés claramente higienista.

Convidar Tarcísio para compor o evento não só é uma evidência da degeneração ideológica e política sofrida pelas centrais sindicais, como é uma ofensa direta a todos aqueles que compõem a classe trabalhadora e são afetados diretamente por suas políticas liberais e que matam nosso povo através da fome, do desemprego e da carestia geral.

Para nós, que compomos o proletariado, Tarcísio não é e nunca será bem-vindo nos espaços de luta porque sua gestão representa os interesses diametralmente opostos aos trabalhadores, que visa garantir a hegemonia e os ganhos daqueles que lucram com a morte e a destruição dos trabalhadores.

Por uma organização sindical classista e de luta, sem conciliação ou conchavos!
Rumo ao Poder Popular e à construção do socialismo!