RODOVIÁRIOS CLASSISTAS CONTRA A ADESÃO DE JUIZ DE FORA AO “MINAS CONSCIENTE” DO GOVERNO ZEMA.

A prefeitura de Juiz de Fora através do prefeito Antônio Almas (PSDB) publicou no sábado passado (16) o decreto que oficializa a adesão do município ao plano “Minas Consciente”, que estabelece um conjunto de protocolos definidos pelo Governo de Minas Gerais, representado pelo atual governador Romeu Zema (NOVO), para a flexibilização e retomada das atividades de setores produtivos e de serviços de forma setorizada.

A medida vai na contramão do que está sendo implementado na maioria dos países do mundo e contra as evidências e estudos que demonstram a importância do isolamento social para enfrentamento da pandemia da COVID-19. Uma recente pesquisa divulgada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) no último dia 13/05, aponta Juiz de Fora como a cidade com maior número de infectados com o novo coronavírus da Zona da Mata, acumulando mais de 66% dos casos confirmados na região, e o segundo município com maior número de casos em Minas Gerais.

Poucos dias após a implementação do “Minas Consciente” que, agora, permite a reabertura de vários setores da produção e do comércio não essenciais no momento dramático em que vivemos, tais como concessionárias de automóveis, joalherias, óticas, hotéis etc., ficou evidenciado um aumento significativo no número de infectados e de mortes em nosso Estado. Apenas na última semana, foram mais de 600 novos casos suspeitos com uma média de 80 casos por dia em nossa cidade. Assim, mesmo diante de todos estes dados preocupantes, a prefeitura de Juiz de Fora e o governo do Estado intensificam, em um dos piores cenários possíveis, a volta gradual do comércio e o fim do isolamento que já acontecia com dificuldades para a maioria dos trabalhadores(as).

Na outra ponta temos a categoria do rodoviários do transporte urbano, categoria essencial na vida da cidade que vem tendo seus direitos desrespeitados pelas empresas concessionárias diante do último acordo de aditamento 2019/2020 realizado no dia 07/04/2020. Algumas empresas estão atrasando e parcelando de maneira covarde o pagamento dos trabalhadores. Além disso, até o dia de hoje boa parcela dos trabalhadores estão com seus salários atrasados e não receberam o devido pagamento referente ao último quinto dia útil.

É um cenário desfavorável aos trabalhadores do transporte urbano de JF. Tivemos o direito a cesta básica suspenso nos meses de maio e junho atendendo a uma exigência patronal para, diante do cenário atual, assegurar os lucros das empresas do setor e, agora, também somos obrigados a fiscalizar o uso de máscaras dos passageiros de acordo o novo decreto municipal. Os rodoviários compõem uma categoria que, além de se preocuparem com o bom atendimento, com cumprimento de horários estabelecidos pela Settra, com segurança pessoal diante da pandemia da COVID-19 e com a garantia de sobrevivência pessoal e de seus familiares, ainda precisam fiscalizar os passageiros segundo a prefeitura. É evidente que não estamos preparados para fiscalização dos passageiros, sobretudo quando a prefeitura e demais órgãos do governo, não asseguram medidas mais rígidas no que diz respeito a garantia de uso de equipamentos de proteção individual (máscaras, luvas, álcool em gel) e de isolamento social da população. Entendemos que esta é uma competência do município de Juiz de Fora e de seus órgãos fiscalizadores.

Os rodoviários, além de colocar suas vidas e de seus familiares em risco diário nesse cenário de pandemia, merecem respeito!

Nós, Rodoviários Classistas de Juiz de Fora, repudiamos a adesão do município ao “Minas Consciente”, pois entendemos que o lucro não pode estar acima da vida dos trabalhadores(as), independentemente do setor estratégico.

Em defesa dos direitos dos(as) trabalhadores(as) rodoviários(as) de Juiz de Fora!

A vida tem que estar antes do lucro!