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PORQUE A UNIDADE CLASSISTA DEFENDEU A DESFILIAÇÃO DO SINASEFE DA CSP-CONLUTAS - Unidade Classista

PORQUE A UNIDADE CLASSISTA DEFENDEU A DESFILIAÇÃO DO SINASEFE DA CSP-CONLUTAS

Dentre as resoluções aprovadas no 33º CONSINASEFE está a desfiliação do SINASEFE da CSP-Conlutas. A Unidade Classista (UC) – Fração SINASEFE se posicionou na defesa dessa desfiliação ao lado de diversos coletivos e militantes. A compreensão do posicionamento da UC-Fração SINASEFE demanda uma recuperação da história recente do movimento sindical.

Desde a eleição de Lula à Presidência da República, em 2002, teve curso a progressiva subordinação da CUT aos governos petistas, a cooptação de lideranças sindicais e populares para a esfera governamental, bem como a condução da política de conciliação de classes e apassivamento dos trabalhadores. Foi neste período que a Frente de Esquerda Socialista da CUT (FES/CUT) sofreu suas primeiras rupturas que desembocaram na construção da CONLUTAS e das duas Intersindicais.

No ano de 2004, militantes sindicais e de movimentos sociais realizaram o Encontro Nacional Sindical, que constituiu a Coordenação Nacional de Lutas (CONLUTAS). Em 2006, em Sumaré, SP, foi realizado o Congresso Nacional dos Trabalhadores. No CONAT, deliberou-se pela constituição da CONLUTAS enquanto central sindical e popular. A Intersindical, por sua vez, nasceu a partir de um movimento que primeiramente criou a Assembleia Nacional Popular e de Esquerda (ANPE) no ano de 2005 e que no ano seguinte vai se constituir em Intersindical. Esta entidade, diferente da Conlutas, agregava sindicatos que tinham rompido com a CUT e sindicatos que continuavam atuando naquela central.

Em 2010, como parte desse processo, foi realizado o Congresso da Classe Trabalhadora (CONCLAT), convocado pela Conlutas em conjunto com outras entidades e organizações classistas – Intersindical, Movimento Terra, Luta e Liberdade (MTL), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Unidos para Lutar, Pastoral Operária de São Paulo –, além de diversas oposições sindicais. A expectativa de avançar numa unidade maior não se concretizou no Congresso. Em resumo, preservar o nome Conlutas, passava a ideia que o processo tinha sido basicamente um processo de anexação da Intersindical e outros segmentos por parte das forças majoritárias da Conlutas, revelando assim o recorrente problema do “hegemonismo” nesta nova entidade. Entretanto, na verdade, os problemas não eram tão somente o hegemonismo, senão que estavam localizados também no campo organizativo e de representatividade dos sindicatos, movimentos sociais e minorias e oposições. A Conlutas então dissolveu-se e foi constituída a Central Sindical e Popular – Conlutas (CSP- Conlutas), enquanto instrumento de luta da classe trabalhadora que unificaria setores do movimento sindical e popular.

Já Intersindical se dividiu, um setor seu decidiu por participar no Conclat e o outro não. O setor da Intersindical que decidiu participar do Conclat afinal não se integrou à CSP-Conlutas e finalmente acabou se conformando como central sindical em 2014 com o nome de Intersindical – Central da Classe Trabalhadora (hegemonia de setores do PSOL). O outro setor, Intersindical – Instrumento de luta e organização da classe trabalhadora (hegemonia da ASS) continuou funcionando como uma plenária de sindicatos, sem reivindicar o status de central.

A divisão do campo classista socialista foi acentuada mediante orientações políticas que o setor hegemônico da CSP-Conlutas impôs a esta central: criação e representação artificializada de movimentos populares e de oposições sindicais, burocratizando e aparelhando politicamente esta central; orientação política sectária e esquerdista que desmobilizava as entidades de base frente ao Golpe de Estado institucional em andamento desde o início de 2015; condução de posicionamentos internacionais legitimadores do imperialismo norte-americano, a exemplo do ataque ao governo e movimento bolivariano na Venezuela. Essas orientações provocaram perda de legitimidade da CSP-Conlutas, esgotamento da sua capacidade de co-protagonizar a unificação do campo classista socialista e incapacidade de liderar a realização de um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora (ENCLAT) voltado para a reorganização da classe trabalhadora. Enfim, as orientações políticas dominantes na CSP-Conlutas a transformaram em um obstáculo ao avanço da organização da nossa classe.

A UC-Fração SINASEFE, que até recentemente apoiava a permanência da filiação da entidade à CSP-Conlutas, defendeu no 33º CONSINASEFE a desfiliação dessa central, tendo em vista duas perspectivas. Primeiramente, para que o SINASEFE, como entidade sindical nacional de grande peso político e não filiada a qualquer central sindical, venha a fortalecer a construção do Fórum Sindical, Popular e de Juventude por Direitos e Liberdades Democráticas, reunindo e unificando as entidades sindicais e populares nacionais e de base situadas no campo classista socialista, apoiada num programa anticapitalista e anti-imperialista, numa organização que não reproduza representação burocratizada e artificializada e numa cultura políticosindical calcada na superação do hegemonismo. Processo que deve contar com entidades como a própria CSP-Conlutas e as Intersindicais, mas que vá muito além, envolvendo correntes e movimentos sindicais e populares, a exemplo da Unidade Classista. Reunião e unificação que tem em vista a afirmação de um programa unificado, classista e de luta contra as reformas neoliberais, o ataque dirigido à representação política dos trabalhadores e a destruição das liberdades democráticas. Fórum este que também deve acumular na direção da retomada da construção de uma central sindical e popular que efetivamente seja capaz de unificar o campo classista socialista no seu interior, bem como que assuma papel destacado na realização do Encontro Nacional da Classe Trabalhadora (ENCLAT) com vista na reorganização da classe trabalhadora. Em segundo lugar, que o SINASEFE assuma diretamente a defesa deste ENCLAT e a luta para que o mesmo redunde na construção de um programa que viabilize um novo patamar na condução das lutas de resistência da classe trabalhadora, viabilizando a conquista da iniciativa política em face do ataque que o capital move contra os trabalhadores e o amadurecimento das condições para a construção do Poder Popular.

Unidade Classista (UC) – Fração SINASEFE