NOTA EM SOLIDARIEDADE AO SERVIDORES DA FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO

Comitê de Base Dois Candangos no DF
Unidade Classista

O Comitê de Base Dois Candangos, da Unidade Classista (UC) no Distrito Federal (DF), vem a público prestar apoio e solidariedade às servidoras e aos servidores da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) que no dia 20 de junho de 2022 deliberaram em assembleia pela permanência da greve até a meia noite da quinta feira, dia 23. Essa decisão dá continuidade à paralisação que o movimento grevista organizou em frente ao Ministério da Justiça e de Segurança Pública, cobrando ser recebido pelo chefe da pasta, uma vez que foram interrompidas as negociações com a presidência da FUNAI.

O estopim para o movimento dos servidores foi o desaparecimento do Indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips no início da semana retrasada, quando retornavam ao município de Atalaia do Norte, na conturbada região do Vale do Javari. O posicionamento da Funai, quando o fato veio a público, foi o de afirmar que Bruno não estava na região prestando serviço ao órgão indigenista, como quem diz não ter nada a ver com o desaparecimento, lavando as mãos manchadas de sangue e lama. As perseguições sofridas pelo indigenista são fruto do trabalho de dicado que realizou a frente da Funai, seja na Coordenação Regional do Vale do Javari, seja na Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato, de onde foi exonerado após liderar uma bem-sucedida expedição de desarticulação de garimpo no interior de terras indígenas, tendo sido nomeado um missionário evangélico para ocupar o seu lugar.

Nesses dias que seguiram ao desaparecimento do indigenista e do jornalista, vieram a público informações diversas, sem a devida apuração das fontes, que pareciam ter o objetivo de, por um lado, prejudicar as investigações e, por outro, ferir a todas as pessoas impactadas pela atrocidade do acontecimento. Sabemos que as operações de busca sofreram e sofrem todo tipo de boicote por parte do governo bolsonarista e reiteramos a pergunta até que todas as respostas necessárias sejam fornecidas: quem são os reponsáveis pelo bárbaro assassinato de Bruno e Dom?

Na segunda feira, dia 13 de junho, os servidores no DF estiveram em assembleia para deliberar acerca dos resultados da reunião entre repreentantes da Indigenistas Associados (INA), da Associação Nacional de Servidores da Funai (Ansef) e do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep-DF) com representantes das Diretorias da Funai. A avaliação da assembleia foi a de que nenhuma resposta minimamente satisfatória foi dada pela fundação que, ao contrário, emitiu uma nota pública incentivando a criminalização da atuação aguerrida dos servidores, prática recorrente da gestão bolsonarista conduzida pelo delegado da polícia federal que ocupa a presidência do órgão indigenista.

O assédio como prática de gestão foi um dos aspectos denunciados pela INA e pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) no dossiê “FUNDAÇÃO ANTI-INDÍGENA: UM RETRATO DA FUNAI SOB O GOVERNO BOLSONARO”, lançado a público durante a vígília dos servidores em frente ao MJSP. Nesse sentido, a Unidade Classista segue atenta a qualquer prática intimidadora que a atual gestão da FUNAI empregue em relação a seus servidores, em especial àqueles mobilizados para construção da greve.

Todo apoio aos servidores em greve da FUNAI!

Pela construção do Poder Popular!

Comitê de Base Dois Candangos, 21 de junho de 2022.