NO CPERS AVANÇA O SINDICALISMO CONSEQUENTE

Por todo o país, o esgotamento do sindicalismo reformista vai mostrando contornos cada vez mais nítidos. E não é apenas pela sua dificuldade em alcançar vitórias para a classe trabalhadora, por mais modestas que sejam elas, mas sobretudo pela sua incapacidade de garantir mesmo as precárias condições de vida e de trabalho herdadas do estado de bem estar social.

Confrontado há mais de uma década pelas políticas liberais montadas pelo capital financeiro, o “sindicalismo de resultados”, o “sindicato cidadão”, expressões douradas do pragmatismo social-reformista, não só foi incapaz de proteger minimamente a classe trabalhadora, como meteu-a numa profunda crise. Esvaziamento dos sindicatos, descrédito nas lutas sindicais, ceticismo, indiferença, são algumas das formas com que a base vem respondendo à crise do sindicalismo reformista. Do outro lado, pelo progressivo isolamento imposto pelo afastamento das bases do sindicato, prosperam ou o imobilismo ou o vanguardismo pequeno-burguês.

É neste contexto de crise do movimento sindical que o CPERS, o maior sindicato do RS e um dos maiores do país, realizou suas eleições nos meses de junho e agosto do corrente ano. Embora o entendimento da natureza da crise pela qual passa o movimento dos trabalhadores em geral, e o CPERS em particular, ainda não seja amplamente compartilhado, o mesmo não se dá em relação à necessidade de reconstrução da entidade a partir da base. E foi exatamente em função da necessidade de construirmos um sindicato de massas, independente, classista e combativo que conformamos uma composição com as forças da Intersindical: Unidade Classista, Alternativa Sindical Socialista, Resistência Popular, Enlace e a APS da outra Intersindical e o CEDS da Conlutas. (o CEDS é uma organização política organizada dentro do CPERS e do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre – SIMPA) Com estas forças e sob este consenso, a Unidade Classista fez a disputa em seis importantes núcleos do estado: Livramento, Gravataí, Caxias, Santa Maria e nos dois núcleos de Porto Alegre.

Fizemos uma boa votação em Gravataí e Livramento. No primeiro turno foram eleitas a Direção Central do sindicato e as direções dos seus 41 núcleos, representando todas as regiões do estado. Nosso grande êxito deu-se no 39º núcleo de Porto Alegre, onde fomos para o segundo turno em disputa contra a articulação PT-PSTU.

Hoje vencemos a eleição do 39º Núcleo do CPERS, o único Núcleo onde houve segundo turno, o único Núcleo onde houve a derrota da Direção Central recém eleita, também composta pelo PT e o PSTU.

O apoio de todos os companheiros de todas as correntes políticas que constituíram essa opção de esquerda, classista e independente foi determinante para nossa vitória. A chapa foi composta por três companheiros de cada uma das seguintes forças: CEDS, Unidade Classista e Enlace. A divisão dos cargos, as liberações de carga horária e a verba de representação ocorreu sob um acordo que soube contemplar a capacidade real de intervenção das forças que o constituíram.

É uma vitória significativa uma vez que o 39º núcleo é de Porto Alegre e já foi o maior núcleo do CPERS, por ocasião da gestão da professora Goretti Grossi em 1998-2002, quando contava então com 7 mil filiados. Hoje o 39º Núcleo possui apenas 5 mil filiados, mais da metade dos quais são aposentados.

É uma vitória muito significativa também pela visibilidade que o nosso trabalho poderá alcançar, e o presumível estímulo que representará para o resgate e a expansão de um sindicalismo conseqüente, de massas, anti-capitalista e revolucionário.

Por isso a nossa direção, a direção vitoriosa neste pleito assume como tarefas fundamentais reorganizar o 39º núcleo, realizar uma ampla campanha de filiação, promover a qualificação política e ideológica da base e levar com firmeza a luta da categoria contra a exploração e a opressão. Esses são os compromissos que desde já estamos, com energia e determinação, colocando em prática.

Foi uma grande vitória para os socialistas, mas a verdadeira vitória será organizar e pôr em movimento a classe trabalhadora para derrotar o capital e suas políticas.

Goretti Grossi

Pela Unidade Classista

Marly Cambraia (1) Goretti Grossi (2) Ruy Guimarães (6)