NÃO AO GOLPE!
Unidade da classe trabalhadora para derrotar o bolsonarismo e avançar na luta por liberdades democráticas e direitos sociais!
Saudamos a classe trabalhadora e ao povo brasileiro pelo triunfo eleitoral sobre o neofascismo, com a vitória nas urnas de Lula. Também saudamos os nossos valorosos camaradas que participaram no primeiro turno das eleições, levando para o cenário político, em condições muito adversas, a voz operária e popular. É uma vitória que extrapola a política de frente democrática, uma vez que esta política em muitos estados (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais) fracassou. É um triunfo que merecemos comemorar pelo importante esforço unitário realizado por toda nossa militância. Triunfo que tem dimensões continentais e mundiais, que fortalece as lutas dos povos contra a crescente ameaça do neofascismo. A margem da vitória, muita estreita, não opaca o resultado, ainda que mostra a força e vitalidade do movimento bolsonarista e a perspectiva de grandes enfrentamentos no futuro próximo. Força que já tinha se manifestado no primeiro turno, quando foi eleito um congresso com uma maioria ainda mais direitista que o atual. Entretanto devemos advertir que as eleições enquanto termômetro político, pela sua natureza individualista, não expressam necessariamente as tendências mais profundas das classes e frações de classes sociais no seu conjunto.
O bolsonarismo, resultado de um longo domínio neoliberal, hegemoniza diversas forças de direita, atribuindo-lhes um sentido, articulando elementos diferentes tais como o sentimento religioso conservador, o culto à força militar e machista, o racismo e o ultra neoliberalismo do grande capital financeiro. Se alimenta do mais podre do sistema político burguês. Este movimento criou uma eficiente rede de comunicação através das redes sociais, canais de TV aberta e a cabo – Rede TV, Record, SBT, Jovem Pan – e das igrejas evangélicas e dos movimentos conservadores da Igreja Católica, que servem como correia de transmissão para espalhar suas falsas mensagens e solidificar um senso comum conservador, anti-ciência e antiesquerda. Importa destacar a sua influência entre setores médios, geralmente mais informados e escolarizados.
O bolsonarismo, não aceita a derrota e manobra para virar o jogo lançando suas hordas fascistas para o bloqueio de estradas e concentrações na frente de quartéis em diversos estados, contando com a complacência de setores da Polícia Rodoviária Federal e dos empresários fundamentalmente do agronegócio e do transporte de carga. Mostra assim que não dará nenhum minuto de trégua ao novo governo eleito e antecipa a continuação da sua militância antidemocrática para o próximo período. A fala do presidente Bolsonaro, de apoio às mobilizações das suas hordas fascistas, sem reconhecer explicitamente o triunfo de Lula, demonstra o ressentimento e a persistente procura da ruptura institucional. No fundo sempre procurou dar um golpe de estado, que não se materializou pela resistência popular, o enfrentamento institucional e a falta de apoio internacional, assim como também, internamente, pela falta de consenso entre as frações de classe burguesa.
Mobilizar nossas forças, atuando em unidade nas diversas frentes de luta e particularmente com o Fórum sindical, popular e de juventudes, para impedir que se materialize o golpe militar, tão desejado pelo bolsonarismo, invocando o artigo 142 da Constituição Federal, é nossa tarefa imediata. Precisamos garantir a posse do novo governo e a recomposição do quadro democrático institucional como um elemento estratégico para o avanço num plano superior das lutas da classe trabalhadora.
O cenário que se apresenta para a classe trabalhadora é desafiador.
Um governo que tem que lidar com um congresso de direita e ultradireita, com o “centrão” fisiologista na base do novo governo, divisão e apassivamento no movimento sindical e popular, presença do neofascismo, possibilidade de recessão nas principais economias do centro do sistema imperialista junto com a redução do crescimento chinês, são alguns elementos a ser considerados para o próximo período.
Esta conjuntura exige reafirmar como principal tarefa a recomposição da força da classe trabalhadora e dos movimentos populares, para enfrentar esta constelação tão complexa de forças. Fortalecer a FSM particularmente na América Latina, investir fortemente no Fórum sindical, popular e de juventudes, apontar para a construção de um Enclat com a perspectiva do Poder Popular, é o caminho operário e popular para, a partir deste importante triunfo eleitoral, enfrentar as tarefas revolucionárias da classe trabalhadora.
Não ao golpe!
Fascistas não passarão!
Unidade Classista, futuro socialista!
Executiva Nacional da Unidade Classista
3 de novembro de 2022