MOVIMENTO POR UMA ESCOLA POPULAR EM CUBATÃO: UMA NECESSIDADE
Vivemos em uma época histórica extremamente desafiadora para todas e todos que almejam e lutam por um mundo melhor, justo e igualitário. No Brasil e no mundo, está em curso uma série de retrocessos históricos para os trabalhadores: desmonte dos serviços públicos estatais, universais e gratuitos, a transformação de absolutamente tudo em objeto mercantil, a restrição das condições de trabalho, renda e aposentadoria, a dilaceração das relações sociais pelo ódio de classe, racial e de gênero. Os lutadores e lutadoras da classe trabalhadora precisam, mais do que nunca, estreitar seus laços de solidariedade e buscar formas de organização própria que possam responder à altura aos desafios dos nossos tempos.
No campo da Educação, o panorama é o mesmo: desmonte, mercantilização, precarização e desorganização. Este roteiro repete-se pelo Brasil inteiro. Em Cubatão, ainda que os trabalhadores da Educação tenham desenvolvido uma série de lutas heroicas e conseguido minorar as perdas de direitos e a piora de suas condições de trabalho e renda, não foi possível alcançar vitórias que nos permitisse virar esse jogo, de forma a conquistarmos novos e melhores direitos. Neste momento, as categorias dos trabalhadores da educação em Cubatão encontram-se exaustas devido a um estado de alerta permanente, provocado pelo desgaste e omissão dos instrumentos organizativos das categorias, sejam os institucionais, como os sindicatos, ou os não-institucionais, tais como a Comissão de Lutas.
Todos esses instrumentos poderiam e deveriam promover a organização da categoria nos locais de trabalho, desenvolver uma cultura de mobilização e diálogo permanente entre os diversos segmentos das categorias, colaborar na formação política da categoria por meio do estudo e das lutas conjuntas; no entanto, os grupos e correntes que dirigem essas entidades estiveram mais preocupados com a manutenção do aparelho que chamam de “seu”, no caso dos sindicatos, ou com a autoconstrução de sua organização e de personalidades públicas carismáticas. E quem vem pagando o pato dessa irresponsabilidade são as categorias da Educação de Cubatão.
Por um Movimento que unifique as categorias e seus segmentos
A história da classe trabalhadora no Brasil, da qual fazem parte as mobilizações e greves da Educação em Cubatão, nos mostra com muita clareza que a SOLIDARIEDADE DE CLASSE e a UNIDADE DE AÇÃO são essenciais para o avanço dos trabalhadores. Na solidariedade estão envolvidos o compromisso com o diálogo e a construção de pontos de proximidade entre categorias e públicos diversos, tais como ocorreu na greve de 2016, em que buscamos o apoio dos trabalhadores do Hospital, da Marvin e da Cursan, que também estavam em greve; ou no episódio da “Greve dos 10%”, em que buscamos o apoio de diversas entidades sindicais da Baixada; ou no ato em defesa da Usiminas, também em 2016, no qual prestamos nossa solidariedade ativa aos trabalhadores metalúrgicos que estavam para ser demitidos em massa. A unidade de ação diz respeito ao compromisso militante com a luta, com a justeza da pauta. Implica em cerrar fileiras com um objetivo comum. A manifestação disso em Cubatão foi a histórica “Greve das Bombas”, para a qual os sindicatos colaboraram, por mais críticas que tenhamos às suas direções. Diante daquele violento ataque aos direitos do funcionalismo, cerramos fileiras com todos que se colocaram para a luta, mantendo nossos princípios e fazendo as críticas necessárias.
O governo liberal de direita de Ademario (PSDB) infelizmente foi reeleito e novos ataques aos trabalhadores da Educação de Cubatão estão previstos. Impõe-se, portanto, a necessidade de um coletivo que tenha a SOLIDARIEDADE DE CLASSE e a UNIDADE DE AÇÃO como seus princípios norteadores. A articulação e o diálogo entre as categorias do magistério cubatense são imprescindíveis. E mais: será necessário o engajamento das famílias e dos estudantes nessa luta, da mesma forma que o magistério cubatense também terá de se engajar nas lutas populares, pois as pautas estão não só interligadas, mas unificadas. A construção de uma Escola Popular em Cubatão, pública, laica, estatal e de qualidade é desejo e necessidade.
Neste sentido, educadores e educadoras da cidade colocam seus corações e mentes na construção do coletivo Movimento Por Uma Escola Popular – Cubatão (MEP/Cubatão), o qual tem por objetivos:
• Ser um polo de diálogo entre os diversos segmentos do magistério cubatense;
• Estreitar os vínculos entre as lutas da categoria e as lutas populares e estudantis na cidade;
• Desenvolver a SOLIDARIEDADE DE CLASSE em relação ao restante dos trabalhadores em movimento na cidade e na região;
• Colaborar com a organização e a formação política das categorias da Educação em Cubatão;
• Estabelecer o diálogo necessário com todas as forças políticas e correntes que efetivamente estejam em luta, operando na prática a UNIDADE DE AÇÃO em torno das bandeiras e reivindicações das categorias;
• Colaborar para a superação, no movimento dos trabalhadores, do mandonismo, do personalismo e do “heroísmo” intrínsecos a um processo doentio de autoconstrução empreendido por algumas organizações e correntes.
O MEP/Cubatão inicia sua trajetória! Vamos à luta!