Para resistir aos ataques do capital, é necessário construir a greve geral!
Vivemos uma conjuntura catastrófica, somos mais de 22 milhões de desempregados; 6,2 milhões de famílias sofrem com um gigantesco déficit habitacional; com a acelerada deterioração dos serviços públicos e com a desvalorização dos salários, que já não têm data para serem pagos; nossa jornada de trabalho é cada vez mais extensa e intensa; assistimos à proliferação das terceirizações e os mais variados tipos de precarização e, como se isso não bastasse, temos sido forçados a conviver com um governo federal ilegítimo, fruto de uma operação institucional golpista.
O governo Temer, “puro-sangue da burguesia”, veio para destruir direitos trabalhistas e previdenciários, acelerar o processo de contrarreforma do Estado, iniciado por Collor, aprofundado por FHC e reiterado por Lula e Dilma e sofisticar os mecanismos capitalistas de exploração e de opressão.
Por meio de medida provisória, encaminhou a contrarreforma do Ensino Médio, que pretende alterar a matriz curricular, reduzir o número de professores e ampliar a dimensão reprodutivista (burguesa) da escolarização, tornando-a cada vez mais uma mera oficina preparatória de força de trabalho para a exploração capitalista.
Temer aprovou também na câmara e no senado a emenda constitucional que reduzirá os investimentos nos serviços públicos por vinte anos, para matar por asfixia os já combalidos sistemas públicos de saúde, assistência social e educação, fomentando a iniciativa privada e economizando bilhões para pagar os juros da dívida pública, garantindo o lucro dos banqueiros e dos empresários.
Para piorar, já tramita no congresso a nefasta contrarreforma da previdência que pretende entre muitas maldades, obrigar homens e mulheres a contribuírem para a previdência por 49 anos e impor a idade mínima de 65 anos para aposentadoria integral. Também é certo que a contrarreforma trabalhista será encaminhada em breve, para retirar ainda mais direitos, ambas devem ser aprovadas com ampla maioria pelo atual congresso.
Para barrar estes ataques e os próximos, devemos organizar espaços de formação, manifestações e paralisações, acumulando forças para a realização de um movimento grevista de grandes proporções. É necessário, portanto, a construção de uma Greve Geral, que paralise diversos setores da economia, principalmente o setor produtivo, para atingir de forma contundente os interesses capitalistas, não há outra saída.
A nosso favor contamos com o crescente sentimento de indignação. Por outro lado, o gigantesco endividamento dos trabalhadores, estimulados pela sociedade de consumo, a ação nefasta dos dirigentes sindicais pelegos e a crescente alienação são fatores importantíssimos que explicam ao menos em parte as dificuldades de compreensão da necessidade de uma resistência organizada.
Para piorar as coisas, temos visto com maior periodicidade em diversos meios de comunicação: patrões, representantes de governos, economistas e muitos jornalistas, propagando a ideia de que a contenção dos investimentos nos serviços públicos, a contrarreforma da previdência e a futura contrarreforma trabalhista são necessárias para que o país supere os difíceis momentos de crise e que na atual conjuntura, as greves e outras formas de luta dos trabalhadores são ações inconsequentes e prejudiciais a todos.
Esta fração da sociedade, ao fazer isto, tenta impor sua visão de mundo aos demais setores, com o objetivo de criar um consenso para que todos acreditem na mentira de que vivemos em uma sociedade onde patrões, governos e trabalhadores têm os mesmos interesses e que, durante as crises econômicas, próprias do modo de produção capitalista, todos são atingidos da mesma forma e com a mesma intensidade. Com base nesta tese, “todos” deveriam buscar a conciliação e evitar o conflito.
Tal posição tem, como único objetivo, constranger os trabalhadores, principalmente aqueles que, ainda não compreendem como funciona uma sociedade dividida em classes sociais, com interesses antagônicos e a quem representam os governos derivados deste tipo de sociedade.
Não é à toa que, em tempos de crise, este discurso se intensifique, junto com o discurso do combate a corrupção, desenvolvido exatamente para que acreditemos que a questão é meramente conjuntural, dificultando a compreensão sobre as verdadeiras causas da crise.
Sabemos, portanto, que a Greve Geral é necessária, as condições objetivas são evidentes, trata-se agora de em todos os espaços de trabalho, estudo, moradia e nos movimentos sociais convencer a classe a movimentar-se para si. Vamos à luta!