Nota: População tem direito de conhecer a verdade sobre o Metrô de SP

fenametro.org.br

Na noite da últma terça-feira (4) quando uma pane paralisou por cinco horas a circulação de trens, o Secretário de Transportes Metropolitano de São Paulo, Jurandir Fernandes, apareceu no “Jornal Globo” para declarar que foi um ato “orquestrado”, uma “sabotagem” ocasionada pelo acionamento em série do dispositivo de emergência de abertura de portas das composições.

O governador Geraldo Alckmin apoiou seu secretário dizendo que não acredita em “geração espontânea”. Os dois foram desmentidos por relatório divulgado pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo. A ordem dos eventos, o tempo e a descrição das falhas desmontaram a farsa construída pelo governo do estado. (Veja matéria publicada no jornal “Estado de S.Paulo”)

Mas eles não se deram por vencidos. No sábado (8), quatro dias após a ocorrência, apresentaram nova versão: agora foi o acionamento do “botão secreto” nas plataformas.

Nenhuma investigação independente é admitida, como seria o correto. Pela primeira vez na historia do Metrô, depois de um acontecimento desta dimensão, foi adiada a reunião de Análise de Incidente Notável (IN).

Reunião onde funcionários diretamente envolvidos numa ocorrência que teve impacto na circulação de trens apresentam seus relatórios.

O Sindicato compareceu à reunião, que foi adiada sob o pretexto de que novos dados deveriam ser coletados. Na prática, toda apuração foi transferida para a Policia Civil, que é subordinada ao governo do estado e que não possui independência e nem qualificação técnica para determinar causas de problemas em sistema metroviário.

Essa tentativa de transformar o caos do Metrô num “caso de policia”, inclusive com a presença da Policia Militar nas estações para intimidar os usuários, visa fugir do debate sobre a verdadeira causa dos problemas atuais: a falência da política de transportes sobre trilhos do Governo Estadual.

Os números de falhas dos trens reformados, a quantidade de Incidentes Notáveis, as falhas de ar condicionado nos trens, a superlotação do sistema, as milhares de reclamações de usuários via SMS-denúncia são alguns dos elementos que demonstram que o sistema está próximo do colapso. E a responsabilidade é do governo do estado, porque gastou bilhões contratando um serviço superfaturado e o produto recebido – trens reformados – e de péssima qualidade.

Prometeu que o novo sistema de controle e sinalização de vias, chamado CBTC, era uma grande solução. Mais 1 bilhão desperdiçado. E não ampliou a rede de Metrô na velocidade que São Paulo precisa.

Os laços que unem o governo do Estado e os dirigentes do Metrô às empresas acusadas de formação de cartel são tão sólidos que eles preferem destruir a credibilidade da empresa perante os usuários. Credibilidade construída com décadas de operação eficiente do Metrô em São Paulo. Num sistema complexo que transporta quase 5 milhões de passageiros, a confiança nas informações da empresa é uma questão de segurança operacional.

Consideramos que é um direito da população conhecer a real situação que vive o Metrô.

Neste sentido, tão logo surgiram as primeiras noticias de que a Siemens resolveu confessar que um cartel atuava na empresa, a Federação Nacional dos Metroviários (FENAMETRO) e o Sindicato dos Metroviários de São Paulo compareceram ao CADE e ao Ministério Público Estadual com novas informações que demonstravam que havia fortes indícios de que o “cartel” também atuou na reforma dos trens e na implantação do CBTC.

Após apuração do MPE, para evitar ação civil pública, o Metrô concordou em suspender por 90 dias a reforma dos trens e pediu prazo de 20 dias para dar uma posição final sobre a implantação do CBTC. Sendo que no último final de semana, mais uma vez o teste na linha 2 com o CBTC fracassou.

Não adianta tentar nos intimidar com ameaças de que vai punir quem mantém a população informada sobre as panes no sistema. Nosso compromisso é com a categoria e com a população. Exigimos apuração independente com a participação das organizações dos trabalhadores do Metrô: Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Federação Nacional dos Metroviários e CIPAS.