10 de novembro: retomar a construção da greve geral para barrar as contrarreformas!

Coordenação Nacional

 

A classe trabalhadora brasileira está vivendo uma dura transição histórica. O ciclo de lutas que se iniciou ao final dos anos 1970 está em franca decadência. Algumas organizações formadas no calor dos enfrentamentos à ditadura empresarial militar, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), foram cooptadas pela ordem burguesa. O Partido dos Trabalhadores (PT), em treze anos de governo, não mobilizou os trabalhadores para encarar os capitalistas e realizar transformações profundas na sociedade, na política e na economia. Lula e Dilma, ao contrário, limitaram-se à realização políticas sociais superficiais e temporárias, restritas à lógica da conciliação de classes.

As Jornadas de Junho de 2013 demonstraram que: a) tais medidas eram insuficientes; b) o povo efetivamente estava insatisfeito com o aumento do custo de vida, ao passo que exigia condições básicas de qualidade na mobilidade urbana, na educação e na saúde, além de moradia, mais e melhores empregos etc.; c) o PT, a CUT e demais instrumentos do chamado campo democrático popular não tinham mais a mesma influência sobre os movimentos sociais em relação ao período anterior.

Para atender as reinvindicações das ruas, seria inevitavelmente necessário enfrentar poderosos interesses empresariais. Contudo, dando continuidade à política de conciliação, o Governo Federal preocupou-se mais em se mostrar confiável aos olhos da burguesia e jogar a crise nas costas dos trabalhadores do que em disputar o sentido das crescentes mobilizações. Dilma fez grandes esforços para garantir o “ajuste fiscal” e a criminalização dos movimentos sociais, enquanto não realizou esforço algum para implementar a agenda exigida nas ruas pela maioria da população.

Assim, setores de direita encontraram terreno fértil para ampliar sua influência nos protestos e sua capacidade de dirigi-los politicamente. Ao mesmo tempo, dissolvia-se a coalizão partidária do Governo no Congresso Nacional. Parlamentares que até recentemente faziam parte da base aliada, além do próprio Vice Presidente à época, Michel Temer, organizaram o golpe para descartar o Partido dos Trabalhadores e assumir a gestão direta das contrarreformas.

O impeachment de Dilma marca o esgotamento do ciclo de lutas anterior, abrindo o caminho para o fortalecimento de grupos conservadores e reacionários, além do processo de aprofundamento e aceleração das medidas que visam retirar direitos da classe trabalhadora, conforme temos visto a cada semana desde que Temer assumiu o Palácio do Planalto.

Todavia, os setores mais avançados da classe trabalhadora, os revolucionários, não devem temer a crise. Se é verdade que, ao longo da História, algumas crises gestaram a ascensão de regimes de extrema direita, é verdade também que as grandes revoluções proletárias e populares no mundo nunca ocorreram em períodos de estabilidade. Devemos confiar na capacidade da nossa classe e dedicar nossas vidas à sua reorganização.

A ideia, muito difundida, de que os trabalhadores no Brasil são acomodados e passivos não passa de um mito. Por mais que em determinadas condições ocorram pequenos períodos de calmaria, a história do país, assim como de todo o mundo, é a história da luta de classes. Desde o período colonial, passando pelo Império até o Brasil República, os trabalhadores nunca se conformaram com a opressão das classes dominantes. Não são poucos os exemplos de revoltas populares, sempre reprimidas com enorme violência pelo Estado nestes 500 anos.

Diante de Temer não tem sido diferente. Desde o início deste ano, sobretudo a partir de março, realizamos grandiosas manifestações, paralisações e greves contra as medidas do governo em favor dos capitalistas: em 15 de março tomamos as ruas do país; o dia 28 de abril ficou marcado pela maior greve geral das últimas décadas; em 24 de maio, realizamos um grande ato em Brasília; no dia 30 de junho, contudo, o peleguismo predominante entre as cúpulas sindicais do país trouxe grandes prejuízos para o que deveria ser a segunda grande greve geral do ano.

Após esta desmobilização, o governo usurpador aprovou uma infame reforma trabalhista, visando rebaixar os direitos dos trabalhadores a patamares inferiores aos conquistados no início do século passado e inviabilizar a organização sindical classista. Tudo para satisfazer os interesses capitalistas, ou seja, aprofundar a exploração e a precarização do trabalho.

Entretanto, tal refluxo está muito longe de determinar o sentido histórico do período em que estamos entrando. Um novo ciclo político e sindical no país é uma obra em aberto. Nenhum movimento histórico é linear, isto é, os avanços e recuos fazem parte do processo. Sua evolução, porém, dependerá das disputas travadas no dia a dia da luta de classes.

É neste contexto que se insere o 10 de novembro: dia nacional de lutas e paralisações. Trata-se de uma data fundamental: é o momento de intensificar a discussão nas bases, organizar as diversas categorias, reconstruir as mobilizações unitárias com quem quer lutar e retomar as ruas por nenhum direito a menos!

A contrarreforma trabalhista do governo Temer é uma grave agressão às conquistas alcançadas pela nossa classe ao longo de um século de resistências. Jornada de oito horas, férias de 30 dias, intervalo de almoço, entre outros direitos, estão seriamente ameaçados. Direitos não se negociam, se defendem! Ou nos movimentamos agora ou seremos cada vez mais atacados por este governo ilegítimo, que no mês de outubro já acenou com mais “novidades” – redução do salário mínimo para 2018, congelamento salarial para os servidores públicos e elevação da alíquota previdenciária do funcionalismo.

Portanto, a Unidade Classista não medirá esforços para construir o dia 10 de novembro unificado: contra o trabalho escravo, as terceirizações, o congelamento dos investimentos públicos, as privatizações e as reformas trabalhista/ da previdência! Precisamos retomar o combate unitário ao governo Temer e a construção da greve geral para barrar as contrarreformas, apontando para a reorganização da classe trabalhadora, numa perspectiva classista e anticapitalista, sem conciliação!

 

Unidade Classista: unir as lutas para emancipar a classe!