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Fidel, o povo e a revolução - Unidade Classista

Fidel, o povo e a revolução

Era 8 de janeiro de 1959, em Ciudad Libertad, para uma imensa multidão, Fidel pronunciava um vibrante discurso. “Creio que este é momento decisivo em nossa história: a tirania foi derrotada. A alegria é imensa. Com tudo, há muito por fazer. Não nos enganemos que adiante tudo será fácil; possivelmente adiante tudo será mais difícil.”

Mais a frente afirma: “Quando vou falar das colunas, quando vou falar das frentes de combate, quando vou falar de tropas mais ou menos numerosas, eu sempre penso: tenho aqui nossa mais firme coluna, nossa melhor tropa, a única tropa que é capaz de ganhar só a guerra: Essa tropa é o povo”.

Assim foi por mais de meio século, diálogo sincero, fraterno e direto com o povo. Fidel deitou a revolução nas raízes históricas das lutas do povo e plantou o sonho de uma nova sociedade, de uma pátria socialista. E este sonho se converteu no próprio espírito dos cubanos.

Quando assumiu sua própria defesa no julgamento sobre o assalto (em 26 de junho de 1953) dos quartéis Moncada e Carlos Manuel de Céspedes, Fidel falou desde passado:

“Mas há uma razão mais poderosa que todas as demais: somos cubanos, e ser cubano implica num dever, não cumpri-lo é crime de traição. Vivemos orgulhosos da história de nossa pátria; a aprendemos na escola e crescemos ouvindo falar de liberdade, de justiça e direitos. Nos ensinam desde de cedo a venerar o exemplo glorioso de nossos mártires. Céspedes, Agromonte, Maceo (o Titã de Bronze), Gómez e Marti foram os primeiros nomes que se  gravaram e nosso cérebro; nos ensinam que o Titã havia dito que a liberdade não se mendiga, que se conquista com fio do facão […]”

Foi assentando a luta revolucionária pelo socialismo na trajetória e no imaginário popular, munido das experiências dos mambises cubanos, e em especial da influência de José Marti (homem do fuzil e da pena, intelectual e soldado) é que se pode absorver os erros e acertos de seu passado, das lutas anti-colonial e anti-imperialista.

Se aprendeu com a capitulação do Pacto de Zanjón (9 de fevereiro de 1878), com o Protesto de Baraguá (Fidel sempre lembrava em seus discursos: nossa revolução é um eterno Protesto de Baraguá, que significava dizer, se perdemos, nos reagrupamos e vamos em frente). Se aprendeu na luta contra o neo-colonialismo estadunidense, no enfrentamento à política do Big Stick de Roosevelt, que introduziu a Emenda Platt na constituição cubana de 1901. Esta durou até 1933, e teve como resquício – até hoje – a base militar americana na baía de Guantánamo.

Aprendeu com a luta contra a ditadura de Gerardo Machado, anos de 1920, onde ao final desta década um jovem militante anti-imperialista e comunista, Julio Antonio Mella, depois de preso, consegue fugir para o México onde tenta organizar um grupo de combatentes para regressar a Cuba e derrotar a ditadura. Não Consegue, é morto no México. Feito que Fidel e seus combatentes realizaram em 1956, com o desembarque (não bem sucedido) do iate Granma em Cuba, para derrubar a ditadura de Batista.

Por ironia, destas da história, Fidel Castro Ruz, aos 90 anos, falece em dia 25 de novembro de 2016, no dia em que se comemoravam os 60 anos do desembarque dos combatentes do Granma em Cuba. E ao que tudo indica, sua “perda física” não significará, para o povo cubano, o fim da construção do socialismo.  Esta seguira adiante.

A tenacidade e o enorme humanismo do revolucionário povo cubano, posto a prova por muitas vezes (como no chamado período especial, durante os anos 90, após o fim da URSS), e que Fidel representava como ninguém, é o principal insumo de atualização e renovação do imaginário revolucionário cubano, que durante mais de 50 anos, foram capaz de revitalizar as estruturas de poder popular, para direcionar a longa transição cubana ao socialismo.

Comandante Fidel Castro, um nome que condensa seis décadas de lutas populares contra o despotismo capitalista e pelos sonhos emancipatórios dos povos do mundo pobre e explorado. Sua solidariedade foi decisória nas lutas de libertação nacional no continente africano e na derrota do regime de apartheid.

Tudo que consigamos escrever sobre Fidel não será suficiente para prestarmos nossas homenagens a este que o foi maior revolucionário, da segunda metade do século XX até os dias atuais. É certo que junto com o povo cubano edificaram a principal (senão a única) trincheira que evitou que a regressão política e cultural imposta pela globalização neoliberal fosse mais devastadora do que foi.

Camarada Comandante Fidel, Presente!

Até a vitoria! Sempre!