Vale demite e reduz operação na área de tecnologia
Valor Econômico
A Vale Soluções em Energia (VSE), uma associação entre a Vale, o BNDES e a Sygma, com operação no parque tecnológico de São José dos Campos, demitiu cerca de 220 funcionários na sexta-feira, segundo informou o sindicato que representa os empregados (SEAAC).
O número, divulgado pelo presidente do SEAAC, Marcelo Ribeiro da Silva, representa aproximadamente metade do total de empregados da VSE em São José. Silva disse que dois dias antes das demissões, a direção da VSE se reuniu com a entidade para informar que paralisaria sete dos dez projetos que estavam em desenvolvimento na empresa.
Em nota, a VSE informou que redefiniu seu posicionamento estratégico, o que implicou na paralisação de alguns projetos e na demissão dos funcionários que trabalhavam nessas áreas. A empresa não confirmou o número de demissões.
A VSE explicou que revisou seu portfólio de projetos e decidiu focar suas atividades nos programas de gaseificação, tratamento de resíduos e biodigestão. A empresa também atuava no desenvolvimento de turbinas a gás e motores a etanol, mas esses projetos estavam atrasados e não geravam receita para a companhia.
O Valor apurou que nos últimos cinco anos foram investidos US$ 550 milhões na VSE, mas que a unidade gerava receita apenas com venda de serviços na área de queima de resíduos e gaseificação. “A meta da VSE é priorizar projetos que possam trazer receita mais a curto prazo”, disse uma fonte.
A VSE foi criada em dezembro de 2007 com o objetivo de tornar-se um centro de referência mundial em pesquisa, desenvolvimento e produção de turbinas e geradores e outros equipamentos de geração de eletricidade movidos a energia limpa, especialmente a álcool e a etanol.
Em entrevista ao Valor, em 2011, a empresa chegou a anunciar um planejamento que previa investimentos totais de US$ 720 milhões até o fim deste ano.
Na quarta-feira, segundo o Valor apurou, a empresa vai reunir os funcionários para apresentar seu novo plano de negócios, que foi ajustado às demandas do mercado. Segundo a fonte, a empresa não corre o risco de fechar.
No comunicado, a VSE informa ainda que a reestruturação iniciada na sexta-feira permitirá à empresa continuar a perseguir seu objetivo de se tornar uma referência em soluções tecnológicas inovadoras, eficientes e sustentáveis em bioenergia, com produtos promissores e serviços especializados de alta tecnologia.
De acordo com a VSE, os funcionários demitidos receberão um pacote de benefícios de desligamento, em linha com as práticas de mercado. Os benefícios, segundo o presidente do sindicato, incluem dois salários nominais, além dos direitos da rescisão e a manutenção do convênio médico por mais seis meses.
Para os empregados demitidos que estavam próximos da aposentadoria, segundo Silva, a VSE se comprometeu a pagar a contribuição previdenciária por mais um ano. Esses funcionários também terão direito a um plano de recolocação no mercado, que será oferecido por um período de três meses.