UNIDADE CLASSISTA SE CONSOLIDA NO CPERS

UNIDADE CLASSISTA RS

Finalizaram-se nesta quinta-feira no Cpers-Sindicato as apurações das eleições para escolha de representantes ao Conselho Geral da entidade, em seus 42 Núcleos. Organizado por ramos de atividade, com uma base de mais de 80.000 trabalhadores e presente em todos os municípios do estado do RS, o Cpers produziu numerosos quadros de base e lideranças para o movimento social e para os partidos políticos do campo da esquerda, particularmente o PT. Quando o “Novo sindicalismo” se transformou no velho sindicalismo amarelo, social-reformista, e o PT em partido da ordem liberal-burguesa, grande parcela destes militantes históricos da base do sindicato recolheu-se ao silêncio e à indiferença, enquanto alguns poucos se intitucionalizavam na máquina do governo e nos aparelhos de direção do sindicato.

É neste contexto de crise do projeto reformista da social-democracia que a Unidade Classista interveio para articular as forças que já começam a compreender a necessidade de se rever a orientação política do sindicato e recompor a base da categoria numa perspectiva de construção revolucionária. Nos centros mais dinâmicos do estado, onde amadureceram as condições para a crítica inadiável dos problemas do movimento dos trabalhadores em educação, a UC esteve presente afirmando a rejeição da base às práticas de alinhamento do sindicato aos governos, desafiando a categoria a empreender a luta pela construção de um sindicalismo de novo tipo, massivo, classista, combativo e independente.

Dentre as forças com as quais compusemos no curso destas eleições, somos os mais preocupados com a formação política e ideológica da base, tarefa para a qual concorre a defesa de espaços de uma autêntica democracia operária no interior do sindicato. O afastamento progressivo da base do sindicato de sua direção política, trouxe como contrapartida uma insustentável concentração do poder na cúpula sindical, enquanto convertia a categoria em mera massa de manobra. Por isso, afirmávamos a necessidade premente de se reconstituir as instâncias de expressão próprias da base, de reconhecer nelas a condição de sujeito histórico, de atribuir-se a elas o papel principal na formulação das pautas do sindicato. É sobre esta base que procuramos buscar a aproximação de um enorme contingente de trabalhadores em educação hoje distantes do sindicato. Precarizados pela aplicação persistente das políticas liberais de todos os governos que dirigiram o estado, os trabalhadores com “Contratos Emergenciais”, encontraram na agenda do sindicato apenas a reivindicação histórica do Concurso Público, o que supõe um entendimento cínico de que a luta contra a desconstituição de direitos dos trabalhadores pode chegar a bom termo exclusivamente nos marcos do “Estado de Direito”, isto é, sem confrontar-se a legalidade burguesa.

Ao identificar os problemas cruciais do sindicato e os dos trabalhadores em educação, a Unidade Classista estabeleceu uma base programática concreta para construir um campo de unidade avançado com outras forças políticas, o que lhe permitiu alcançar os independentes e todos aqueles trabalhadores comprometidos com a luta operária. Assim, sem medo de dialogar com todos os campos representados dentro e fora do sindicato, buscamos fazer avançar os companheiros

honestos que ainda não compreenderam, em toda a sua extensão e particularidade, os desafios que temos pela frente.

No início deste ano tínhamos apenas um cargo no Conselho Geral e dois nos conselhos

regionais. Hoje estamos na direção do 39º Núcleo de Porto Alegre,

com quatro camaradas no Conselho Geral e dois representantes dos aposentados nos conselhos regionais. (Os camaradas eleitos para o Conselho Geral do Cpers são

Goretti Grossi, Luiz Carlos Fraga, Oneider Vargas e Ruy Guimarães). Significativo é também o fato de termos reconstituído e

aumentado

nossa presença em outros seis núcleos do Cpers-sindicato: no litoral norte, na

grande Porto Alegre,

no centro do estado e na fronteira oeste. Mesmo nos núcleos onde não saímos vitoriosos, tivemos votações muito expressivas.

Percorremos, com paciência e tenacidade, um longo caminho. De janeiro a setembro trabalhamos sem parar. Foi um trabalho exaustivo, mas culminado por uma educativa vitória. A Unidade Classista cresceu não apenas no sindicato, mas sobretudo internamente. Cresceram também as possibilidades de ampliação de nossa intervenção, e com elas as perspectivas de articular-se a luta pelo Socialismo com as lutas dos trabalhadores em educação. Para isto não poupamos esforços e continuaremos empenhados em reconstruir, num novo patamar, um dos maiores sindicatos da América Latina.

Este é o nosso compromisso.

E atentos aos ensinamentos dos nossos velhos mestres, repetimos com eles: “A emancipação da classe trabalhadora deve ser obra da própria classe trabalhadores”.

Ousar lutar, ousar vencer!

UC-RS

mg.grossi@yahoo.com.br