Trabalhadores do Comperj retomam greve por não concordarem com acordo
apn.org.br
Operários haviam decidido pelo fim da paralisação na última segunda-feira (17)
Os trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) decidiram retomar a greve nesta quarta-feira (19), apenas dois dias depois da assembleia que votou pela volta ao trabalho, com a participação de cerca de 20 mil operários. A greve iniciada hoje (19) é de ocupação.
O estopim do movimento seria um dos itens do acordo proposto pelas empresas, mal compreendido no momento da votação. Trata-se da cláusula que congela o pagamento de oito dias parados, no entanto podendo ser descontados, de imediato, caso os operários retomassem a greve até o final de 2014.
Desde segunda-feira, quando atravessaram os portões e retomaram suas tarefas, trabalhadores afirmam que estão recebendo comida com data vencida, fora dos padrões exigidos pela Petrobrás. O pessoal do refeitório, que não havia aderido à mobilização anterior, também ameaça parar. As reivindicações são salariais e por melhores condições de trabalho. A maioria é formada por mulheres.
O diretor do Sindipetro-RJ, Emanuel Cancella, que acompanhou na segunda-feira a asssembleia que decidiu pelo fim da paralisação, disse que a insatisfação com a proposta patronal era notória. Mas a greve foi declarada ilegal e os trabalhadores estavam sem salário há quase dois meses e sem mantimentos para alimentar às famílias, o que tornou insustentável a manutenção movimento.
A direção do Sindicato da Construção Civil de São Gonçalo, Itaboraí e Região defendeu a proposta apresentada pela empresa e o fim da greve, argumentando que “O salário dos operários do Comperj é o mais alto do Brasil” – como disse Marcos Hartung, assessor do Sinticom, entidade filiada a CUT. Para ele, não havia mais como sustentar a mobilização.
A greve do Comperj teve momentos de grande tensão e violência. Alguns trabalhadores chegaram a ser baleados por seguranças armados, que estão sendo investigados pela Delegacia de Polícia de Itaboraí. As relações entre os grevistas e a direção do Sindicato da Construção Civil saíram bastante desgastadas do embate. Vários trabalhadores entrevistados pela equipe da Agência Petroleira de Notícias, que não quiseram se apresentar com medo de retaliações e demissões, denunciaram a falta de apoio da entidade sindical que não garantiu estrutura e apoio à greve.
Depois de inaugurado, o Comperj será o maior polo petroquímico do Brasil, com capacidade de processamento de cerca de 300 mil barris de petróleo bruto por dia, bem como de fornecimento de produtos hoje importados, como fertilizantes para agroindústria.