TRABALHADORES DA ASSISTÊNCIA SOCIAL EM SÃO PAULO: ESSENCIAIS PARA TARABALHAR, DESCARTÁVEIS PARA MORRER.

Graças ao projeto genocida colocado em prática pelo presidente Bolsonaro e seus vassalos, o Brasil atravessa uma situação de extrema calamidade com a atual pandemia.

A despeito do ilusório “lockdown” determinado pelo governador Dória, e da apropriação oportunista em cima do fornecimento das vacinas, no estado de São Paulo, e mais especificamente na capital, a situação não é menos grave.

Há poucos dias atingimos o esgotamento na ocupação de leitos em UTIs, cada vez mais pessoas morrem nas filas de espera aguardando atendimento intensivo nas unidades hospitalares, e todos os dias atingem-se novos recordes no número de mortos e contagiados.

Enquanto isso, o prefeito Bruno Covas mantém e intensifica os ataques aos trabalhadores da Prefeitura, inclusive àqueles que estão nas linhas de frente desde o início da pandemia.

A piora nas condições de trabalho, a falta de EPIs adequados, as privatizações a passos largos, de unidades de saúde entre outras investidas contra o serviço público, são constantes em todos os setores da Prefeitura.

Impera a lógica do sucateamento e da terceirização, abrindo os caminhos no munícipio para a Reforma Administrativa e o aprofundamento do desmonte de políticas públicas fundamentais no enfrentamento da pandemia, e que já sofriam com o sucateamento histórico num contexto de EC do Teto dos Gastos.

Nessa toada segue também a gestão da Assistência Social na cidade de São Paulo, que tem demonstrado ser uma ilustração cataclísmica do que ocorre no restante da cidade.

A ausência de medidas municipais e federais que poderiam contribuir para a manutenção das necessidades da população, como o auxílio emergencial, e a celeuma proposital na oferta das vacinas aos trabalhadores, entre outras “meias-medidas” completam o cenário de caos e prolongam o massacre projetado contra a classe trabalhadora.

Dessa forma, os trabalhadores da assistência social, são convocados à administrar a barbárie organizada e perpetrada pela disposição ultraliberal em curso em todas as esferas de governo.

Desde o início da pandemia, considerados essenciais, mas trabalhando em condições insalubres, em número reduzido de RH e sem qualquer respaldo, sanitário ou técnico, da Secretaria, esses trabalhadores completam mais de um ano lidando com o completo descaso da gestão Bruno Covas.

Entre diversas portarias confusas e incompletas, as ações da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) têm exemplificado bem como o projeto austericida enxerga as políticas públicas, seus trabalhadores e a população usuária: somos descartáveis.

Apesar das reinvindicações da categoria e da luta incessante para preservar vidas, esses trabalhadores continuam sendo expostos diariamente.

Como resultado desse processo implacável de sucateamento, o número de contágio e mortes entre os trabalhadores têm crescido desesperadoramente a cada dia. Os trabalhadores terceirizados também têm sido os mais atingidos, com condições ainda mais vulneráveis e precárias de trabalho.

Tamanho é o abandono, que mesmo após a ampliação do plano de vacinação aos trabalhadores dos equipamentos de SMADS, inumeráveis trabalhadores do SUAS que atendem na linha de frente, foram deliberadamente excluídos pela Secretaria, como é o caso dos trabalhadores de SAICAs (Serviço de Acolhimento Institucional à Crianças e Adolescentes), por exemplo, que até o momento encontram-se fora do público alvo das vacinas.

Enquanto isso, todos os dias temos perdido mais um(a) trabalhador(a) em decorrência do vírus e da negligência neoliberal.

Entrevistadores, agentes SUAS, vigilantes, trabalhadores da limpeza, e trabalhadores dos Serviços Socioassistenciais, sem direito à vacinação, permanecem sendo colocados em risco em locais inadequados, insalubres, sem EPIs em quantidade ou qualidade suficientes, com relações de trabalho cada vez mais precárias, como se jogados à própria sorte pela Secretaria e pela PMSP, que “lavam suas mãos”.

Por um lado, enxugam os recursos e diminuem as ofertas para a população, por outro obrigam o funcionamento e o atendimento desses Serviços. Sob a desculpa da essencialidade e da proteção social, responsabilizam os trabalhadores a dar conta das consequências da crise política e sanitária que vivenciamos.

Por isso, é necessário apontar cotidianamente os verdadeiros responsáveis pela crise, e construir através da organização e unidade entre os trabalhadores, a luta pela vida e por condições dignas e seguras de trabalho.

Denunciamos o genocídio em curso na Prefeitura de São Paulo, e reivindicamos vacinação ampla e gratuita pelo SUS a todos os trabalhadores da assistência social, diretos e terceirizados, e auxílio emergencial para a população para a execução de um lockdown efetivo.

Na luta demonstraremos que nossos mortos têm voz e que não aceitaremos pagar pela crise com nossas vidas.

Nossas vidas são essenciais!

Unidade Classista – Servidores Municipais de São Paulo