Toyota rompe acordo de pacificação da greve

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Em reunião na manhã do dia 8, no 7º Batalhão da Polícia Militar de Sorocaba, a direção da Toyota rompeu um acordo, feito na última sexta-feira com a própria PM e que vinha evitando conflitos durante a greve na montadora de veículos, que já dura seis dias. Representantes do Sindicato dos Metalúrgicos também participaram do encontro e criticaram a decisão da empresa.

O acordo estipulava regras para a realização das assembleias na qual o sindicato colocava em votação, diariamente, para os trabalhadores, a continuidade ou não da paralisação.

O mesmo acordo orientava a empresa a não coibir nem interferir na votação, mas impedia os sindicalistas de extrapolarem os horários de assembleias, além de garantir a entrada pacífica dos funcionários que não quisessem participar da greve.

A empresa não apresentou motivos concretos para romper o acordo.

PM lamenta

O Major Mello, que mediou a reunião, lamentou a postura da Toyota. O policial afirmou que o rompimento do acordo trará prejuízo à sociedade, pois a PM terá que deslocar mais viaturas e policiais, que estariam a serviço da segurança pública, para acompanhar a manifestação dos trabalhadores da empresa.

O Major observou que o acordo vinha sendo eficiente para pacificar e disciplinar o movimento grevista. Em ata da reunião consta que “Com relação à Polícia Militar, foram poucas as reclamações que chegaram aos policiais presentes na manifestação”.

O Sindicato também foi contrário ao rompimento do acordo. “A atitude da Toyota não contribui para a solução do impasse. Pior, só torna a situação mais tensa. Ao invés de apresentar propostas de acordo, ela [a empresa] acirra ainda mais o conflito”, afirma Ademilson Terto da Silva, presidente do sindicato, também presente à reunião no 7º BPM.

Sem justificativas

A direção da Toyota não deu justificativas concretas para descumprir o acordo com a PM. Apenas alegou que não tem mais interesse em cumpri-lo e que, diferente do que estipula o documento, quer manter seus portões abertos 24 horas por dia.

Pelo acordo, a empresa deveria manter seus portões fechados durante as assembleias, que não poderiam durar mais do que 30 ou 40 minutos. Os portões só eram abertos após a votação da greve, permitindo que os funcionários que não quisessem participar do movimento entrassem para o trabalho.

Além disso, a empresa não vai permitir que o sindicato estacione seu carro de som no recuo que existe na estrada que fica em frente à fábrica, próxima à Rodovia Castello Branco. De acordo com a Toyota, esse recuo é propriedade particular.

O Sindicato alerta que a utilização desse espaço proporcionava um mínimo de segurança para os trabalhadores durante a realização das assembleias. Sem ele, as pessoas ficam expostas ao trânsito do local, que inclui caminhões e ônibus.

A empresa afirmou na reunião que vai se limitar a cumprir uma liminar (interdito proibitório) expedida pela Justiça na semana passada a pedido da Toyota. No despacho, o juiz Walter Gonçalves, da 3ª Vara do Trabalho de Sorocaba, impede o sindicato de realizar piquetes na porta da fábrica, mas também impede a empresa de coagir os funcionários a entrarem para o trabalho.

Radicalização da Toyota

“A radicalização da empresa traz prejuízos à segurança dos próprios funcionários e também à população, por obrigar a polícia a aumentar o efetivo que vai fiscalizar um simples conflito trabalhista”, ressalta Terto.

Com o acordo, a polícia deixava apenas duas ou três viaturas no local nos horários de assembleias. O contingente totalizava de seis a oito policiais nos horários de pico do movimento. Sem o acordo, o comando da PM já avisou que vai aumentar o policiamento.

Participaram da reunião, pela PM, o Major Mello e o Capitão Glauco; pela Toyota, Vinicius Soares e Gilberto Paulinho Jr; pela Verzani Sandrini, prestadora de serviços da Toyota; Ednaldo da Rocha; e pelo Sindicato, os dirigentes Ademilson Terto da Silva e João Moraes Farani e os advogados Imar Eduardo Rodrigues e Márcio Mendes.

Motivo da greve

A greve na Toyota começou na quarta-feira, dia 2, na entrada do segundo turno, às 17h. O movimento ganhou a adesão do turno seguinte e se mantém com pelo menos 80% da produção parada desde então.

Os trabalhadores reivindicam aumento do piso salarial, reajuste do adicional noturno e fornecimento de vale-compra.

A unidade local tem 1.500 trabalhadores, foi inaugurada em agosto de 2012 e produz 70 mil unidades do modelo Étios por ano.