Santander pode cortar 5 mil
O Globo
Bancários de várias cidades do país, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, paralisaram ontem agências do Santander em protesto contra o anúncio de demissões. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), somente nesta semana o banco teria fechado mil postos de trabalho.
– Tivemos a informação de que o banco prosseguirá as demissões até sexta-feira e pode atingir cerca de cinco mil funcionários em todo o país. Isso é um absurdo, pois os trabalhadores brasileiros são os principais responsáveis pela maior fatia do resultado global da empresa. O banco não demite na Espanha, onde há crise, nem em outros países da América Latina. Não aceitamos que dispensem aqui – disse Maria Rosani, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Em nota, o Santander informou que as informações sobre demissões não correspondem à realidade, mas não deu números. “O Santander está procedendo a um ajuste em sua estrutura de forma a adequá-la ao contexto competitivo da indústria. O Santander reforça o seu compromisso com os planos de crescimento e seu apoio ao desenvolvimento do país.”
Em São Paulo, o Sindicato dos Bancários realizou atos na região central e encaminhou pedido ao Ministério Público do Trabalho para que impeça as demissões. Já a Contraf solicitou uma negociação com o Santander para tentar suspender as demissões, mas ainda não teve retorno do banco. Segundo a entidade, as dispensas começaram na semana passada, quando 40 funcionários da Torre Santander em São Paulo foram desligados.
Segundo Maria Rosani, entre os demitidos havia funcionários com 20 anos de carreira, alguns perto da aposentadoria, e pessoas com deficiência.
– Trabalhadores que dedicaram uma vida inteira à instituição não podem ser descartados dessa forma. Além disso, essas dispensas só podem estar ocorrendo para que o banco economize com funcionários e amplie suas remessas à Espanha – afirmou ela.
Este ano o Santander vem registrando lucro menor que em 2011. No terceiro trimestre, o ganho foi de R$ 591,5 milhões, queda de 31,7% frente ao mesmo período do ano passado. De janeiro a setembro, o lucro chegou a R$ 2,003 bilhões, recuo de 25,5% em relação aos R$ 2,690 registrados nos primeiros nove meses de 2011.
Impacto no interior da Bahia
Na Bahia, o anúncio do fechamento de 12 unidades da Vulcabras Azaleia, anunciado na última sexta-feira, resultará na demissão de quatro mil pessoas, o que terá forte impacto devastador nos seis municípios onde elas estão localizadas.
Em Firmino Alves, na microrregião de Itabuna, cerca de 80% da mão de obra formal ficará desempregada. Segundo dados do Ministério do Trabalho, o município tem 693 empregos formais, dos quais 570 na Azaleia. Em Itororó, na mesma região, o impacto é da ordem de 60%: 1.242 dos 2.068 empregos formais. Em toda a Bahia, serão cerca de 12% das vagas na indústria de calçados.
A empresa afirmou em nota que vem tendo prejuízos com importações da Ásia a preços muito baixos. E o presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados e Componentes do estado da Bahia, Haroldo Ferreira, defendeu sobretaxas para os calçados asiáticos.