Rodoviários: movimento grevista já sofre retaliação das empresas
apn.org.br
Trabalhadores denunciam demissões arbitrárias
Apesar do direito de greve ser garantido por lei, empresas de ônibus do Rio estão demitindo trabalhadores rodoviários em represália às paralisações realizadas no mês de maio. Segundo a cobradora Maura Lúcia Gonçalves “cerca de 100 funcionários” foram demitidos nos últimos dias. “Isso é no mínimo estranho já que estamos falando de um setor que sofre por falta de mão de obra”, denuncia a trabalhadora, uma das lideranças do movimento grevista.
O motorista Laudeci da Silva Costa, ex funcionário da empresa Santa Maria, foi demitido no último dia 9, durante a primeira paralisação da categoria. “Eu estava do lado de fora da garagem conversando com os colegas de trabalho, quando o dono da empresa passou. Logo depois veio a ordem: ‘demite aquele cabeludo’. Na empresa éramos dois de cabelos longos e na dúvida eles demitiram os dois”, conta o rodoviário. De acordo com Laudeci, somente nesse dia, 15 trabalhadores foram mandados embora. Como justificativa a Santa Maria alegou “contenção de despesas”.
Os rodoviários que aderiram à greve também denunciam diferentes tipos de retaliações e intimidações. O motorista e cobrador Jonatas da Silva Alves teve seu carro atacado, depois que aderiu às 24h de greve nos dias 13 e 14 de maio. “No primeiro dia dessa paralisação a orientação era ir para a garagem, mas não retirar os ônibus. Estacionei meu carro de passeio próximo à garagem e logo depois voltei, ele tinha sido atacado com uma barra metálica e ficou todo quebrado”, afirma Jonatas.
Maura Lúcia conta ainda que já teve casos de trabalhadores do movimento grevista serem atacados por pessoas mascaradas, nas proximidades das garagens de ônibus. A Polícia Civil investiga o envolvimento de grupos milicianos na destruição de ônibus, durantes as greves que poderia ter como objetivo incriminar os rodoviários. O caso é conduzido pela delegacia da Cidade da Polícia, em Jacarezinho.
Empresas contratam motoristas temporários sem qualificação
O movimento grevista afirma que as empresas estão contratando pessoas sem qualificação para dirigir os ônibus. Trata-se de prestadores de serviço temporários. “Essas pessoas não são rodoviários. Pode observar que muitos deles estão trabalhando sem uniforme e sem identificação (crachá)”, destaca a cobradora Maura Lúcia Gonçalves.
Fonte: Brasil de Fato