Revoltados, aeroviários do RJ protestam e cobram aumento de salário e benefícios

Mundo Sindical

Na manhã desta quinta-feira (15), um protesto feito por aeroviários e aeronautas, paralisou o check-in do aeroporto Santos Dumont, no Rio.

Um protesto realizado pelos aeronautas e aeroviários paralisou na manhã desta segunda-feira (15/12) a realização do check-in no aeroporto Santos Dumont, no Rio. De acordo com a PM, cerca de 100 pessoas participaram da manifestação que chegou a fechar a via de acesso ao aeroporto, causando lentidão no trânsito do local.

Os manifestantes pedem que seja feito um reajuste de 11% nos vencimentos, a criação de pisos para agentes de check-in, vale refeição de R$16,65 para os que cumprem carga horária de 6 h diárias, e de R$22,71 para os demais. Além disso, pedem uma cesta básica no valor de R$326,67 para os aeroviários, creche e/ou escola de educação infantil para filhos e novo número mínimo de folgas mensais. De acordo com os manifestantes, a única coisa que foi oferecida pelos patrões foi um reajuste de 6,35%.

Segundo o Sindicato dos Aeronautas, com o aumento da movimentação causada pelas férias de verão e, principalmente as festas de final de ano, as empresas elevam a carga horária dos aeronautas ao extremo, e isso pode acarretar em prejuízos à saúde dos funcionários. Na última semana, um piloto se recusou a prosseguir com um voo alegando excesso de cansaço. Os passageiros tiveram que ser encaminhados a hotéis e o voo foi remarcado para o dia seguinte. O sindicato alega que o cansaço pode causar acidentes, inclusive a queda da aeronave.

Em conversa com a equipe de reportagem do Jornal do Brasil, a diretora do Sindicato dos Aeroviários, Selma Balbino, explicou as reais condições de trabalho dos funcionários das empresas aéreas.

“São condições ruins de trabalho, são pisos muito baixos, e o pessoal do check-in não tem piso, por isso estamos dando maior atenção a eles. A Gol demitiu 15 funcionários antigos para contratar gente mais nova, que pelo desespero de conseguirem ser inseridos no mercado de trabalho, aceitam receber menos. O pessoal vem tendo muita lesão devido a esforços repetitivos. Muitos dobram o horário e quem se recusa a dobrar, vai para uma espécie de lista negra das empresas. É muita exploração dos funcionários”, comentou.

Ao ser questionada sobre a possibilidade de uma greve geral, envolvendo pilotos e funcionários, Balbino diz que o sindicato vai esperar a reunião com as empresas, marcada para o dia 22 de dezembro, e que caso as reivindicações não sejam aceitas, uma estratégia já está traçada, e deve pegar os empresários de surpresa.

“Caso nossas reivindicações não sejam atendidas, nós estamos preparando uma surpresa para as empresas no dia 22. Temos uma estratégia armada e vamos surpreender as empresas, só não tenho autorização para te contar o que é. Os tribunais, apesar de falarem que estão do lado dos trabalhadores, têm sido aliados dos empresários”, avisou. E acrescentou: “Recentemente teve o caso da cadeirante que teve que subir a escada de embarque se arrastando, pois a empresa não disponibilizava uma rampa de acesso. E te pergunto, o que aconteceu com a empresa? Isso é inadmissível, não pode e não vai continuar acontecendo”, encerrou a diretora.

A administração do Aeroporto Santos Dumont informou que a manifestação não causou interferência no embarque e desembarque dos passageiros. Além disso, não houve também atrasos ou cancelamentos de voos.