Revolta para obra da usina de Belo Monte

O Globo

A revolta nos canteiros de obras da usina de Belo Monte no fim de semana parou os trabalhos. Segundo sindicalistas, a empresa está mandando para casa os cerca de 15 mil operários, depois que alojamentos, lojas, refeitórios e escritórios foram parcialmente destruídos. Segundo Emiliano Oliveira, representante da central sindical Conlutas, que desde de julho acompanha o movimento dos trabalhadores, os operários tomaram as máquinas e dominaram os canteiros, expulsando pessoal de escritório, de segurança e do sindicato que representa os operários de Belo Monte, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada no Pará (Sintrapav-PA):

– Os trabalhadores se revoltaram contra o sindicato que defendeu essa proposta. Não houve assembleia para definir as reivindicações. E a empresa não quer negociar com uma comissão de trabalhadores.

O Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) confirmou a paralisação dos trabalhos e disse, por meio de nota, que houve “quebra-quebra no refeitório, por volta das 23h de domingo”. Segundo a nota do consórcio, “o grupo esvaziou extintores de incêndio dos alojamentos, depredou cinco condomínios e ateou fogo em um ônibus, na lanchonete, em carpas (alojamentos pioneiros) e em colchões”. O consórcio afirmou que sete pessoas ficaram ferida e que fez registro nos órgãos de segurança.

Segundo Roginel Gobbo, vice-presidente do Sintrapav-PA, ligado à Força Sindical, o tumulto começou no sábado, depois que foi levada a proposta do consórcio de reajuste:

– Eles não aceitaram e um grupo de encapuzados começou a destruir o local. Estávamos, inclusive, com proposta de greve, mas não foi preciso porque a empresa parou a obra – afirmou Gobbo.

A reivindicação dos trabalhadores era de reajuste de 33% para a maioria dos operários, os chamados nominados (carpinteiros, mecânicos e outros) e de 15% para o restante. Além disso, pediam que a visita à família fosse de três em três meses. Na obra, a folga é a cada seis em seis meses. A empresa ofereceu 11% para os trabalhadores nominados e 8% para o restante. Gobbo afirma que houve assembleia em setembro e que eles também não aceitam a proposta de 11%.