Ramon Cardona: FSM vê grande possibilidade de avanços durante o 3º Encontro Sindical Nossa América

A cidade de Caracas, na Venezuela, receberá entre os dias 22 e 24 de julho a terceira edição do Encontro Sindical Nossa América (ESNA). Para o secretário da Federação Sindical Mundial (FSM) para as Américas, Ramón Cardona, o evento ratificará a posição destacada da classe trabalhadora do continente e permitirá que novas conquistas sejam alcançadas.

Cardona, experiente ex-dirigente da Central de Trabalhadores de Cuba (CTC), esteve no Brasil, e analisou a atual campanha político-midiática desferida contra os cubanos e adiantou suas expectativas para o 16º Congresso da FSM, marcado para abril de 2011.

Leia abaixo a entrevista:

Falando um pouco sobre Cuba, como vê o movimento de entidades brasileiras em solidariedade ao país, diante da atual campanha feita pelo imperialismo?

Ramón Cardona: Na condição de cubano, me emociono ao ver irmãos de outros países — e, sobretudo, de um país tão gigantesco como o Brasil — com uma consciência tão clara da problemática cubana, além de uma disposição de nos ajudar. Apreciamos o calor, o entusiasmo e a combatividade dos brasileiros que defendem Cuba, e vemos que os trabalhadores daqui sabem que, ao defender Cuba, estão também defendendo os interesses de sua classe.

A atual campanha é a maior já feita?

Ramón Cardona: Na verdade estamos acostumados com esse tipo de campanha. Podemos dizer que a atual é bastante vigorosa, mas isso pode ser uma visão exagerada, já que ela ainda está acontecendo. Em Cuba, costumamos dizer, quando chega o verão, que o atual é o mais quente de todos, mas não esquecemos os anteriores. Temos que levar em conta, no entanto, que os meios de comunicação estão cada vez mais concentrados, estão em um número menor de mãos, e isso os torna mais virulentos e coerentes em torno de um só discurso.

Quanto à real magnitude dessa campanha, lamento não ter como defini-la. Só posso dizer que é uma a mais que virão muitas outras. Mas o que é 100% certo é que não se pode mudar as ideias. E que o povo cubano está disposto a defendê-las, aconteça o que acontecer.

Ainda falta quase um ano para o 16º Congresso da FSM, mas já uma expectativa muito grande para o evento, marcado para abril do ano que vem. Como andam os preparativos?

Ramón Cardona: Precisamos levar em conta que será um Congresso distinto ao anterior. Passaram-se cinco anos desde que se tomou, em Havana, a decisão de fortalecer a Federação Sindical Mundial, de revitalizá-la. Podemos dizer que hoje temos uma FSM diferente em relação à que se reuniu há cinco anos. Na ocasião, tínhamos a intenção de relançar a FSM, algo que já aconteceu nesse intervalo. E, daqui por diante, o desempenho que a FSM deve ter é o de ampliar seu espaço de influência em todas as esferas, sobre os mais diferentes temas.

Para tanto, é preciso que nos fortaleçamos para garantir novos avanços. A criação de novas Uniões Sindicais Internacionais (UIS) é um caminho para esse fortalecimento. Já criamos a UIS-Turismo e em breve deveremos criar uma outra, para os setores bancário e financeiro, sempre de forma articulada a cada região.

Esses temas, assim como uma análise do cenário mundial e a resposta dos trabalhadores à crise mundial serão certamente pontos fundamentais para as discussões do nosso próximo Congresso.

A organização em torno das UIS tem trazido quais avanços para a FSM?

Ramón Cardona: É preciso ter em conta que as federações, confederações e sindicatos são os lugares em que os dirigentes podem ficar mais próximos aos trabalhadores, de suas bases. Digamos que exista mais “pureza” nessas organizações. Em suma, o caminho de se contatar diretamente as bases dos trabalhadores, via UIS, é fundamental para o crescimento da FSM e certamente será um tema de máxima prioridade para o próximo Congresso.

Agora em julho haverá a terceira edição do Encontro Sindical Nossa América. Como a FSM participará desse processo?

Ramón Cardona: A terceira edição do ESNA vai servir para prestarmos solidariedade ao movimento sindical de toda América Latina e Caribe. Certamente será um avanço para que se chegue a novas conquistas, dando continuidade aos encontros de Quito e São Paulo. A FSM, desde seu início, se esforçou para promover esse evento, sempre em busca da unidade de ação.