Protestos de servidores grevistas chegam ao STF
Carta Maior
Servidores do Judiciário e Ministério Público da União (MPU) deixaram claro que a manifestação nada tinha ver com o julgamento do mensalão. Eles reivindicaram negociação salarial já, em especial a aprovação do novo plano de cargos e salários das duas categorias. E expressaram descontentamento com a postura do governo perante a greve. Durante a manhã, cerca de 10 mil servidores das 25 categorias em greve já haviam parado a capital federal.
Najla Passos
Brasília – A onda de protestos que tomou conta de Brasília, nesta quarta (15), chegou às portas do Supremo Tribunal Federal (STF). Quando a defesa do último dos 38 réus do mensalão apresentava sua sustentação oral na tribuna da corte, buzinas, apitos e fogos de artifício chamaram a atenção para os cerca de mil servidores públicos federais do Judiciário e do Ministério Público da União (MPU), que reivindicam a aprovação do plano de cargos e salários das duas categorias.
Nas faixas que portavam, os servidores, em greve, deixavam claro que o protesto nada tinha a ver com a ação penal em curso. “Mensalão? Cachoeira? Que nada. Queremos a aprovação do PL 6613/09“, dizia uma delas, em referência ao projeto de lei que propõe a revisão do plano de carreira do judiciário, e que tramita em conjunto com o PL 6697/09, que revisa a do MPU. Em outras, demonstravam o descontentamento com a condução dada pelo governo às negociações. Até mesmo faixas pedindo “Fora Dilma!” já podiam ser identificadas.
Os manifestantes tentaram derrubar as cercas de ferro colocadas na Praça dos Três Poderes para resguardar o julgamento do mensalão. Houve um princípio de tumulto, logo resolvido. Além dos seguranças do STF, dezenas de policiais militares perfilaram-se em frente à corte. Os servidores também protestaram em frente ao Palácio do Planalto, onde se uniram a uma outra manifestação, organizada por aposentados, que pediam o fim do fator previdenciário. À noite, retornaram ao Supremo e, em número bem menor, iniciaram uma vigília.
Mais mobilizações
Durante a manhã, uma grande manifestação do conjunto dos servidores públicos já havia parado a capital federal. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) estimou o número de presentes em mais de dez mil.
A marcha partiu da Catedral Metropolitana, no Eixo Monumental, e fez parada em frente ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), responsável pelas negociações com os servidores. Participaram representantes das 25 categorias em greve em todo o país.
“O mote da marcha foi simples: negocia Dilma! Porque o governo federal continua com dificuldades de colocar propostas na mesa para que possamos dialogar e criou um ambiente em que acenava por uma resposta aos trabalhadores entre os dias 13 e 17 deste mês. Como isso não ocorreu, a indignação cresceu”, comentou o secretário adjunto de Relações do Trabalho da CUT, Pedro Armengol.
A Secretaria de Relações do Trabalho do MPOG divulgou uma agenda de negociações com os servidores que vai até o dia 24. Mas eles temem que os acordos não sejam fechados até 31 de agosto, último prazo para o governo enviar ao Congresso a previsão orçamentária para o ano que vem. O MPOG já afirmou que não irá conceder reajuste linear para todos os servidores, uma das principais reivindicações dos grevistas.