Protestos contra o governo marcam o dia dos aposentados
O Estado de S. Paulo
A aposentada Antonia Simeão Navarro, de 78 anos, acordou ontem às 5 horas, tomou banho, fez café, botou o lixo na rua e embarcou em ônibus fretado pelo sindicato, a algumas quadras de sua casa, em Santos, litoral paulista, rumo a São Paulo. No trajeto, foi servido “um lanchinho reforçado” – dois pãezinhos, chocolate quente, suco, maçã e banana.
Era o Dia Nacional do Aposentado, mas dona Antonia foi protestar na capital, e não comemorar. Ela participou de uma manifestação organizada no centro da cidade pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, da Força Sindical.
A manifestação foi de protesto contra “a forma como a presidente Dilma Rousseff vem tratando a categoria desde o início de seu governo”, em janeiro de 2011. Sindicalistas e aposentados reclamaram contra as decisões do governo de não extinguir o fator previdenciário (que reduz o valor dos benefícios de quem se aposenta por tempo de contribuição, antes de completar a idade mínima) e em não conceder aumento acima da inflação para aposentados que recebem mais de um salário mínimo.
“O governo não faz nada”, queixa-se dona Antonia. “Me desculpa, mas se eu pudesse ir lá em cima falar. Olha, governador, deputados, senadores, quando aumenta o salário deles é R$ 30 mil mais. E querem que a gente viva com salário mínimo.”
Ela se aposentou por idade, depois de ter trabalhado durante anos na oficina mecânica do marido, já falecido. Não tem certeza de quanto ganha. “Ganho de R$ 800 a R$ 900. Como o meu dinheirinho cai na conta e o banco debita a conta de luz e água, nem fico sabendo quanto é. O dinheiro fica lá e quando eu preciso gasto o que for possível.”