Projeções apontam recuo do desemprego
Valor Econômico
Os economistas projetam para outubro o começo de um período sazonal de queda na taxa de desemprego, que se estenderá até dezembro. A média das previsões de 11 consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data aponta redução de 5,4% em setembro para 5,3% em outubro na taxa de desocupação, percentual que, se confirmado, será o mais baixo para o décimo mês do ano desde 2002, quando teve início a série do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados da Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE, serão divulgados hoje. As estimativas para a taxa de desemprego variam de 5,2% a 5,6%, com a maior parte das apostas – 5 entre 11 – se concentrando em 5,2%.
Também está prevista para esta semana a divulgação dos dados, referentes ao mês passado, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Na média das avaliações de sete instituições e consultorias, foram criados no mês passado 101,4 mil postos de trabalho, com as estimativas variando de 81,2 mil a 120 mil vagas.
Os números do mercado de trabalho de outubro, segundo o economista-chefe da BB DTVM, Marcelo Arnosti, mostrarão melhora em relação a setembro. A taxa de desemprego recuará de 5,4% em setembro para 5,2% em outubro, apoiada em crescimento brando da População Economicamente Ativa (PEA) e no aumento de vagas decorrentes das festas de fim de ano, diz Arnosti. O economista, porém, ressalta que, mesmo na série livre de influências sazonais, há a expectativa de queda na taxa de desemprego. Nesse caso, o indicador passaria de 5,5% em setembro para 5,4% em outubro.
A tendência de redução da taxa de desemprego ganha apoio nas projeções de geração de empregos. A BB DTVM espera que o Ministério do Trabalho e Emprego anuncie a criação de 105 mil vagas em outubro, número inferior ao de setembro, quando foram abertos 150,3 mil postos de trabalho. Porém, se considerados os ajustes sazonais, diz Arnosti, essa relação se inverte. Nesse caso, a corretora estima geração de 80 mil vagas em outubro, ante 58 mil em setembro.
“Há a expectativa que o reaquecimento econômico sustente o dinamismo do mercado de trabalho. Em 2013, a taxa de desemprego deve variar entre 5% e 5,5%”, diz Arnosti. A recuperação da indústria, segundo ele, poderá abrir espaço para novas admissões nos próximos meses.
Para Leandro Padulla, da MCM Consultores, talvez não seja preciso esperar 2013 chegar para ver a indústria contribuir novamente para a criação de empregos. Após amargar meses de contração, o setor industrial dá sinais de reação. Pelas projeções da MCM, a pesquisa de produção industrial realizada pelo IBGE vai apresentar alta de 1,2% em outubro, frente ao mês anterior, descontados os ajustes sazonais, avanço que, diz Padulla, poderá se refletir no mercado de trabalho.
Entretanto, o economista da MCM estima que as maiores contribuições para o aumento da ocupação em outubro virão do comércio e do setor de serviços. “As vagas de fim de ano devem fazer com que o desemprego continue recuando até dezembro”, afirma Padulla, que prevê taxa de desocupação em 4,1% no último mês do ano, mesmo com o aumento da PEA. Estimulados pelo reaquecimento da economia, diz ele, muitos brasileiros voltarão a procurar emprego.
Depois das festas de fim de ano, Padulla acredita que a taxa de desemprego retornará para um patamar mais próximo do percentual de equilíbrio para a economia brasileira, que pelas suas contas se situa em torno de 5,7%. “Enquanto os salários de admissão e demissão estiverem próximos, o mercado de trabalho permanecerá aquecido. A forte rotatividade é outro fator que indica que ainda não há sinais de enfraquecimento do emprego”, afirma.
Mesmo contando com um avanço na geração de postos de trabalho entre setembro e outubro, o economista Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco, afirma que ainda não será possível neutralizar a tendência de queda na abertura de vagas. A instituição estima em 90 mil a abertura de vagas no mês passado, o que corresponderia a 59 mil novas ocupações após o ajuste sazonal. O número dessazonalizado superaria o de setembro, quando, pelos cálculos do Itaú Unibanco, foram gerados 51 mil postos de trabalho.
Apesar da melhora esperada na comparação mensal, as projeções do Itaú Unibanco mostram que o mercado de trabalho ainda não teve força suficiente para voltar a acelerar após o tombo de agosto, quando foram abertos apenas 28 mil postos de trabalho em termos dessazonalizados. Até então, diz Bicalho, a criação de vagas vinha rodando em torno de 70 mil ao mês, feitos os ajustes sazonais.
Com isso, a média móvel trimestral calculada a partir de dados do Caged, dessazonalizados pelo Itaú Unibanco, indica que a criação de vagas cairá de 57 mil em setembro para 46 mil em outubro. “Mas há uma expectativa de melhora, em linha com a recuperação da atividade econômica. Isso deve se refletir no mercado de trabalho, principalmente no segundo semestre de 2013”, afirma Bicalho.
Num primeiro momento, afirma o economista, as empresas farão uso da “poupança de trabalho” formada na fase de desaceleração da economia, quando as empresas evitaram demissões já vislumbrando dias melhores à frente. A partir da segunda metade do próximo ano, diz Bicalho, a economia já estará aquecida o suficiente para demandar mais mão de obra.
Sem sinais à vista de arrefecimento no mercado de trabalho, a tendência para a renda, segundo os economistas, é de manutenção no ritmo atual de crescimento, que gira em torno de 4% ao ano acima da inflação.