PIB fraco derruba salário mínimo em ano eleitoral
O Estado de S. Paulo
O governo federal está preocupado com o salário mínimo no ano eleitoral de 2014. O fraquíssimo resultado do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 vai afetar o centro da política econômica num ano considerado crucial em Brasília, quando, além das eleições presidenciais, ocorrerá a Copa do Mundo.
Pelas regras em vigor, o índice que corrige o salário mínimo é obtido pela soma da inflação (medida pelo INPC) do ano anterior com a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Assim, o salário mínimo de 2014 será diretamente afetado pelo avanço de apenas 1% que o PIB deve ter em 2012.
Pelas estimativas preliminares da equipe econômica, o salário mínimo terá reajuste inferior a 6% em 2014, o que levará o valor para algo próximo a R$ 715 – levando em conta um salário mínimo de aproximadamente R$ 672 em 2013 (alta de 8% em relação aos R$ 622 vigentes neste ano). O governo trabalha com uma alta de 5% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) no ano que vem.
Além de servir de termômetro para os rendimentos dos trabalhadores com carteira assinada e para o mercado informal, o salário mínimo corrige mais de dois terços das aposentadorias e pensões pagas pelo INSS.
O reajuste real de apenas 1% no valor do salário mínimo em 2014 será o segundo pior desde 2006, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva instituiu a política de avanços reais. O menor reajuste foi concedido também pela presidente Dilma Rousseff, em seu primeiro ano de mandato, quando a correção real foi de zero – refletindo a queda de 0,6% do PIB em 2009, quando a economia sofreu os efeitos da recessão mundial.
Fator determinante. Técnicos do governo e especialistas em política social colocam o salário mínimo à frente dos benefícios do Bolsa Família como fator determinante para a grande ascensão social dos últimos anos no País. “O salário mínimo tem um efeito poderoso sobre a economia e atinge, direta e indiretamente, um universo muito maior que aquele do Bolsa Família”, disse um economista do governo.
Na equipe econômica, o assunto ganhou corpo depois que IBGE divulgou, na sexta-feira, que o PIB no terceiro trimestre deste ano cresceu apenas 0,6% ante o trimestre anterior. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, trabalhava até a véspera com o dobro: um avanço de 1,2%. Nem mesmo o pior cenário da Fazenda, uma alta de 0,9%, se aproximou do fraco desempenho.
O resultado da economia neste ano só não foi pior, entendem os economistas do governo, justamente pelo forte avanço do salário mínimo em janeiro, de 14%, o maior desde a década de 1990. Neste ano, o avanço foi obtido pelo PIB recorde de 2010 (alta de 7,5%) e a inflação de 6,5% registrada em 2011.