Petroleiros param hoje e bancários têm nova proposta

Valor Econômico

Cerca de 40 mil trabalhadores petroleiros do sistema Petrobras podem parar hoje, por 24 horas, em busca de um avanço nas negociações da campanha salarial deste ano. A data-base dos petroleiros é 1º de setembro. A principal reivindicação da categoria é aumento real de 10% nos salários – a proposta inicial do setor patronal varia entre 0,9% e 1,2% de ganho real. Esse índice de reajuste muda de acordo com o tempo de empresa, a faixa salarial e a região de trabalho. A negociação neste ano trata exclusivamente de questões econômicas, segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), porque as cláusulas sociais fechadas no ano passado valem até 2013. Os petroleiros de outras empresas não estão participando dessa movimentação.

Enquanto os petroleiros começam sua mobilização, os bancários – em greve desde o dia 18 de setembro – receberam ontem uma nova proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) que elevou para 7,5% o reajuste salarial da categoria, o que implica um aumento real próximo a 2%. Antes, a proposta dos bancos previa 0,58% de correção real dos salários.

A proposta foi apresenta ontem à tarde e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) irá indicar aos trabalhadores que aceitem os termos da proposta e finalizem a greve. A maioria das assembleias, segundo o presidente da confederação, Carlos Carneiro, deve ocorrer hoje até o fim da tarde.

De acordo com João Antônio de Moraes, coordenador-geral da FUP, a paralisação de 24 horas desta quarta foi aprovada “com folga”, em mais de 90% das assembleias realizadas pela federação em todo o país. Segundo Moraes, existem no Brasil pelo menos 80 mil petroleiros empregados no sistema Petrobras, mas a FUP representa cerca de 40 mil trabalhadores, que tomam a frente da greve de amanhã. Nesta sexta-feira, o Conselho Deliberativo da FUP volta a se reunir para discutir novas paralisações no caso de o setor patronal não avançar em sua proposta após a greve.

Também em campanha salarial, os metalúrgicos do ABC, filiados à CUT, planejam fazer greve por tempo indeterminado em 32 empresas da base a partir de 1º de outubro, de acordo com o sindicato da categoria. Essas empresas, até agora, não concordaram com o reajuste salarial pedido de 8% – o que representa um ganho real de 2,5%. Nas demais empresas da base sindical, o aumento já foi negociado.

Entre as empresas listadas pelo sindicato em que a greve por tempo indeterminado pode ser decretada a partir de outubro estão WEG, Schuller e Papaiz. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC representa 105 mil trabalhadores. Desses, 35,3 mil, que trabalham nas montadoras, não estão em negociação neste ano, devido a um acordo válido por dois anos fechado em 2011, que garantiu aumento real de 5% no acumulado do biênio.

Entre os 70 mil metalúrgicos do ABC que entraram na campanha deste ano, 1.200 profissionais do grupo de fundição garantiram os 8% de reajuste salarial. O aditamento da convenção coletiva foi assinado por representantes dos trabalhadores e do setor patronal na tarde de ontem.

Com o avanço das paralisações, as empresas da região começaram a procurar o sindicato para fechar acordos coletivos à revelia das negociações que ainda se desenrolam para os demais grupos. De acordo com o sindicato, 138 empresas, em que estão distribuídos 31,5 mil trabalhadores, aceitaram a reivindicação dos metalúrgicos até o fim da tarde de segunda-feira. No total, 47% dos trabalhadores que entraram em negociação este ano já fecharam acordo.