Petroleiros ameaçam engrossar greve de bancários e Correios

O Globo

Um grupo de 80 mil petroleiros ameaça engrossar a greve dos bancários e dos trabalhadores dos Correios, que já começa a causar transtornos em todo o Brasil. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) informou que os trabalhadores planejam fazer uma paralisação de 24 horas na próxima quarta-feira, em protesto contra a proposta de reajuste oferecida pela Petrobras: um aumento de 6,5%, além de gratificação a ser paga em uma única vez.

Os trabalhadores alegaram que a oferta representaria um ganho entre 0,9% e 1,2% acima da inflação, bem abaixo da reivindicação de elevação real de 10%. Ontem, os petroleiros participaram de um ato unificado com bancários, metalúrgicos e funcionários dos Correios na Avenida Paulista, em São Paulo, todos com data-base no segundo semestre de 2012. Segundo as centrais sindicais, o objetivo do ato conjunto foi fazer com que a população conheça as reivindicações dos trabalhadores.

– Orientamos a categoria a cruzar os braços na semana que vem – afirmou José Antônio Moraes, coordenador-geral da FUP.

Em nota, a Petrobras disse que as negociações continuam e que espera chegar a um acordo com as entidades sindicais.

MAIS 3 MIL agências fechadas

No terceiro dia de greve, os bancários fecharam ontem 8.527 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados em todo o Brasil, segundo balanço divulgado no fim do dia pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf). No primeiro dia de paralisação, 5.132 agências haviam sido afetadas.

Hoje, o comando nacional de greve se reúne às 14h na sede da Contraf-CUT, em São Paulo.

– Se a Fenaban não retomar o diálogo, o movimento intensificará a greve na semana que vem – afirmou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do comando nacional dos bancários.

Pela manhã, cerca de 200 trabalhadores dos Correios bloquearam o acesso ao prédio da sede da empresa em Brasília, por cerca de três horas e meia. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Distrito Federal (Sintect-DF), Amanda Corcino, disse que o objetivo era pressionar a empresa a aceitar ao menos o acordo sugerido pela vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministra Cristina Peduzzi, de reajuste de 5,2% nos salários e benefícios, e um aumento linear de R$ 80.

Os Correios informaram que 91% dos empregados trabalhavam normalmente ontem. No entanto, em 24% das cargas diárias, pode haver atraso de até um dia na entrega.

A federação que representa os trabalhadores, a Fentect, está convocando os grevistas para uma manifestação nacional em Brasília na segunda-feira, quando haverá outra audiência de conciliação. Se não houver acordo, o dissídio irá a julgamento no TST. A mobilização já atinge o Distrito Federal e outros 20 estados, incluindo o Rio de Janeiro.