Osram diz que corte não atinge o Brasil

Valor Econômico

A direção da Osram no Brasil descartou, pelo menos por enquanto, realizar cortes em massa de seu efetivo no país, apesar do momento de reestruturação global da empresa. “Não temos nada planejado”, disse o presidente da empresa no país, Everton Melo, em entrevista ao Valor.

A empresa, que é o braço de iluminação da Siemens, prepara-se para atender às rápidas mudanças nesse mercado, que tem se direcionado a novas tecnologias, como o LED. Na semana passada, fontes disseram à Reuters que a Osram prepara um programa de reestruturação que custará € 500 milhões e incluirá milhares de cortes de empregos, principalmente fora da matriz na Alemanha. No ano passado, a companhia já cortou 2 mil postos, reduzindo seu quadro global a 39 mil trabalhadores.

No Brasil, a fábrica em Osasco, na Grande São Paulo, emprega 550 pessoas e, segundo Melo, gera 4 mil empregos indiretos na cidade. Sobre o futuro da unidade, o executivo afirmou que a intenção é continuar com a produção. Ele disse ainda que a fábrica tem importância estratégica para o grupo. “Até em termos de estratégia, a planta é a última da América do Sul”, disse.

A fábrica de Osasco também é uma das últimas do setor no continente. Melo disse se lembrar apenas de uma pequena concorrente na Colômbia ainda em operação.

Atualmente, a unidade brasileira faz investimentos para converter linhas de produção de lâmpadas incandescentes – que são as lâmpadas elétricas convencionais – em linhas para fabricação de produtos de nova tecnologia. A empresa não revela os valores desses investimentos.

Contudo, Melo admite que a situação para investir no Brasil é difícil, principalmente por conta de custos tributários, trabalhistas e de logística. “As novas tecnologias ainda são mais baratas de se produzir do outro lado do mundo, na China, que aqui”.

Segundo Melo, a Osram ainda não tem previsão de fabricar produtos com tecnologia LED no país. Estudos da companhia indicam que pode levar de cinco a dez anos para que a demanda brasileira por essa tecnologia alcance escala para justificar uma produção local. A Osram fatura globalmente € 5,4 bilhões.

Atualmente, 100% das ações da empresa são da Siemens, que, contudo, planeja se desfazer do controle da subsidiária. Na quarta-feira, a Siemens afirmou que irá distribuir 80,5% das ações da Osram para seus acionistas, como parte do plano de cisão da companhia de iluminação. O objetivo é abrir o capital da Osram, após concluída a cisão. Os planos ainda precisam ser aprovados pelos acionistas da Siemens em assembleia marcada para 23 de janeiro.