OS COMUNISTAS E A LUTA SINDICAL
(Fernando Vieira, professor)
Vivemos um tempo de enfraquecimento da luta sindical no país. Em parte, resultado do desgaste que a maior central sindical brasileira, a CUT, enfrenta por conta de sua política adesista.
A CUT foi ocupada pelo que Lênin afirmou se apresentar como uma velha e carcomida burocracia sindical.
Uma burocracia que não vê as lutas dos trabalhadores como o eixo central de sua existência.
Apegada aos cargos burocráticos oriundos do controle da máquina sindical, Lênin vê como a atuação dessa
velha burocracia profissional e as antigas formas de organização sindical entravam de todas as maneiras esta transformação no caráter dos sindicatos. A velha burocracia profissional procura, em todos os lugares, manter os sindicatos com as características de organização da aristocracia operária (…) (Lênin. O movimento sindical, os comitês de fábrica e de usinas).
No caso da CUT, sua política atual consiste em defender o governo do PT de qualquer crítica, abrindo mão de direitos trabalhistas e controlando os sindicatos que são seus afiliados à suas determinações. Chegou-se ao ponto de, em nome da governabilidade, aceitar que se uma empresa e seus trabalhadores, assessorados pelo seu respectivo sindicato, acordarem, alguns direitos sociais garantidos pela CLT poderiam ser suspensos ou anulados. Belo papel para uma central sindical e seus sindicatos filiados!
Nesse sentido, os comunistas devem assumir um importante papel, o de atuar junto ao movimento sindical objetivando recuperar a capacidade de luta sindical.
Marx nos lembra que o papel dos sindicatos se traduz na sua transformação em “centros de organização da classe trabalhadora, atuando no grande interesse de sua completa emancipação.” Ao se transformar, os sindicatos tornar-se-iam “a vanguardas e representantes de toda a classe trabalhadora, atuando de acordo com essa concepção, haverão de conseguir arrastar os excluídos para o interior das suas fileiras.” (MARX, K. Sindicatos: seu passado, presente e futuro. In: http://www.scientific-socialism.de/MarxSind.html).
Os militantes comunistas devem buscar incorporar-se às lutas de suas categorias, militando no movimento sindical, organizando os trabalhadores e recuperar os sindicatos das direções conciliatórias presas aos interesses cutistas.
Nada de novo nesse argumento! Lênin já nos apontava o caminho lembrando ao militante comunista que entre suas tarefas caberia fazer parte dos sindicatos e trabalhar
“para fazer deles órgãos conscientes da luta pela derrubada do regime capitalista e o triunfo do comunismo.“ (Lênin. O movimento sindical, os comitês de fábrica e de usinas)
A luta sindical é um caminho para que os comunistas ampliem seu diálogo com a sociedade. O exemplo de solidariedade, de luta, de firmeza ideológica e a liderança política da militância comunista nos sindicatos servirá como um parâmetro junto aos trabalhadores não comunistas, explicitando como o Partido não abandonou a luta contra o capital no próprio lócus de reprodução do capital: a empresa.
A greve dos garis em 2014, as lutas dos professores no Paraná, no Rio de Janeiro e em Goiás nos últimos 3 anos, são exemplos da retomada da luta de classes que deixa de ser negada ou escamoteada pelo atual governo federal e seu braço sindical, a CUT, e nos esbofeteia com o vigor da realidade
A atuação política da militância comunista na luta sindical, permitirá a efetiva compreensão de que pulsa na sociedade brasileira uma brasa adormecida, a da luta de classes. Cabe aos comunistas assumir a liderança política dessa luta. Essa liderança virá da atuação firme e decisiva de nossa militância junto ao movimento sindical.