O perfil dos trabalhadores na indústria química brasileira

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A partir de dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), levantamos os principais traços que caracterizam os trabalhadores da indústria química nacional. Examinar o perfil desses trabalhadores é fundamental para compreendermos muitos dos avanços conquistados pela categoria e dos desafios futuros a serem enfrentados.

Considerando os setores sucroalcooleiro, químico, fertilizante, cosmético, farmacêutico, plástico e brinquedo, em 2007, a indústria química brasileira possuía pouco mais de 1,006 milhão de trabalhadores.

Após seis anos, esse montante expandiu 15%, alcançando em, 2013, aproximadamente 1,156 milhão de trabalhadores. O crescimento do número de trabalhadores com deficiência na indústria química também apresentou expressiva alta de 19%, elevando-se de 12,3 mil empregados em 2007 para 14,6 mil em 2013.

No período analisado, observa-se também que a mão de obra envelheceu – em 2007, a indústria química possuía 418 mil trabalhadores com menos de 30 anos, este número reduziu-se 2,5%, alcançando os 408 mil empregados em 2013. Em sentido oposto, o número de trabalhadores com idade superior a 30 anos aumentou em 27,4%, saltando de 587 mil em 2007 para 748 mil em 2013.Os dados referentes a gênero apresentam um movimento contraditório: enquanto o total de mulheres na indústria química expandiu 30%, o número de homens aumentou em apenas 11%. Isso revela um expressivo aumento da participação das mulheres no setor, entre 2007 e 2013. Entretanto, ao longo do mesmo período, a remuneração nominal média das mulheres cresceu 61%, enquanto que a dos homens se elevou em 68%.

Quanto ao grau de escolaridade dos trabalhadores na indústria química, as informações são positivas, ainda que os dados tratem apenas da educação geral (primário, secundário e superior) e não do ensino técnico especializado, que de fato contribui com a redução dos acidentes de trabalho e com o aumento da produtividade. O número de trabalhadores analfabetos, por exemplo, que representavam 4% da mão de obra no setor em 2007, foi reduzido para apenas 2% em 2013. A mesma tendência pôde ser verificada entre os trabalhadores com ensino fundamental completo ou incompleto. No sentido oposto, os empregados com ensino médio e superior, completo ou incompleto, aumentaram em 41% sua participação no setor, saltando de 522 mil em 2007 para 736 mil em 2013.Com a política de valorização do salário mínimo nacional e as mobilizações do movimento sindical pela valorização do piso salarial, a remuneração média dos trabalhadores analfabetos e com ensino fundamental (completo ou incompleto) cresceu 75,7% entre 2007 e 2013, enquanto que a remuneração dos empregados com ensino médio e superior (completo ou incompleto) expandiu 45,8%.

Cabe lembrar que a indústria química engloba uma cadeia produtiva bastante complexa, cujas especificidades regionais e setoriais merecem análise minuciosa. De modo geral, a categoria dos trabalhadores nas indústrias químicas do Brasil alcançou significativos avanços nesses últimos anos e não apenas na expansão do número absoluto de trabalhadores.

Muito ainda precisa ser feito como, por exemplo, a equiparação de salários e oportunidades entre homens e mulheres, o despertar do jovem para a importância do movimento sindical, a redução da taxa de rotatividade, que incide especialmente sobre os segmentos com menor grau de qualificação e age como redutor da massa salarial em todos os setores, dentre tantas outras lutas que vamos continuar a travar pela melhora da qualidade nos postos de trabalho da indústria.