O “DIA D” DA BNCC DEVE SER DE DENÚNCIA E PROTESTO

Sobre o “Dia D”

Dia D” ocorrerá no dia 2 de agosto, em cerca de 28 mil escolas de ensino médio do Brasil. O objetivo é consultar 509 mil professores em um único dia acerca de documento com mais de 150 páginas e que é desconhecido da grande maioria!

E isso revela o verdadeiro objetivo desta ação midiática, que visa impor a BNCC com um aparente respaldo da categoria, sem o devido debate público.

O que é a BNCC?

A Base Nacional Comum Curricular é um projeto do governo federal para todas as escolas brasileiras. A ideia é padronizar 60% do conteúdo dado em sala de aula, os outros 40% ficará a cargo de temas regionais. O problema é que como as avaliações serão inspiradas nesse conteúdo padrão, a tendência é que os regionalismos sejam deixados de lado e acabem esquecidos. Um dos pontos mais polêmicos do conteúdo é, por exemplo, a “agenda de gênero”, que suprime o debate de gênero e orientação sexual. De acordo com o Conselho Nacional de Educação, posteriormente será emitida orientações específicas sobre o tema, o que não garante o amplo debate para que todos os grupos sejam devidamente contemplados.

Consequências práticas da BNCC e da Reforma do Ensino Médio nas escolas

A intenção de implantar estas novas diretrizes é a de privatizar a educação, mesmo sendo inconstitucional passando a responsabilidade de gestão escolar às empresas privadas. A mudança causa desemprego e o empobrecimento do ensino: apenas as disciplinas de português e matemática serão obrigatórias, as demais serão condensadas na “área do conhecimento”, porém, não fica claro de que maneira e quais conteúdos estão garantidos. Além disso, os docentes de Artes, Biologia, Inglês, Educação Física, Geografia, História, Física, Química, Sociologia e Filosofia terão que se adaptar às novas regras, quem não conseguir corre o risco de ficar sem emprego (o que de fato irá acontecer com muitos). Todos sabem as precárias condições das escolas brasileiras: não há professores suficientes, faltam laboratórios, não tem internet, as salas estão superlotadas, o número de bibliotecas é quase inexistente, principalmente em escolas do interior. Mais da metade dos municípios brasileiros tem apenas uma escola de ensino médio e, em geral, com péssimas condições de funcionamento.

Outra questão grave e importante que precisamos analisar é o item que permite que o ensino médio seja oferecido à distância, é o chamado EAD: educadores, estudantes e comunidade em geral sabem que em sala de aula o aluno não aprende apenas o que está proposto no material didático, o processo de ensino e aprendizagem é mútuo e pressupões uma relação dialógica, onde se desenvolve noções de cidadania e do convívio em sociedade. A troca de experiências ajuda no desenvolvimento de todos os envolvidos e à distância nada disso será possível. A medida contradiz o próprio material de orientação distribuído até hoje nas escolas onde diz que a escola deve cumprir o papel de “espaço de socialização”. Mais uma vez nossos estudantes serão prejudicados em um dos principais períodos de formação social e de conhecimento.

As demais disciplinas, que poderão eventualmente integrar as 1.800 horas de oferta da BNCC com carga horária bastante reduzida, não serão obrigatórias. As escolas poderão oferecer a BNCC e os currículos flexíveis (Linguagens e suas tecnologias; Matemática e suas tecnologias; Ciências da natureza e suas tecnologias; Ciências humanas e sociais aplicadas; Formação técnica e profissional) de forma integrada ou separada. Contudo, nenhuma escola será obrigada a oferecer mais de um currículo flexível. Isso significa que, em cerca de 3 mil municípios no Brasil, que possuem apenas uma escola de ensino médio, os estudantes não terão como optar pela área flexível de sua preferência e, em cidades maiores, os estudantes terão muitas vezes que se deslocar para escolas distantes de suas residências. Na prática, isso significa a imposição de determinados conteúdos que correspondem aos interesses do capital na formação da classe trabalhadora (o importante é saber ler e fazer contas) em detrimento de outros.

A juventude pobre e negra será a maior vítima desse processo, visto que, na periferia são os que aparecem em maior número nas salas de aula. Os alunos vindos de escolas públicas não terão as mesmas condições de concorrer por emprego ou universidade com alunos da rede particular. Não podemos permitir nenhuma disciplina a menos. A proposta “revolucionária” do novo Ensino Médio convida os estudantes a não frequentarem a escola, reduz de maneira drástica o currículo e ainda pretende cortar absurdamente o número de professores nas escolas, inclusive de português e matemática, uma vez que quase a metade do conteúdo dessas disciplinas poderá ser oferecida a distância.

Mais uma vez fica claro a quem serve o Estado e seus governos de plantão: aos interesses do capital. Ao aprovar a Reforma do Ensino Médio e propor a sua operacionalização através da BNCC, o MEC só reforça a divisão social do conhecimento. Limitando a obrigatoriedade de disciplinas e as reduzindo em conteúdos cobrados em testes de proficiência estudantil, ficam cada vez mais distantes das Universidades os estudantes de escola pública, que terão acesso apenas ao conteúdo necessário para reproduzir a sua força de trabalho.

Desta maneira, a Unidade Classista vem rechaçar esta proposta de diretriz e conclama as suas bases, profissionais da educação, estudantes e comunidade em geral à mobilização contra a imposição da BNCC. O “dia D” deve ser denúncia e protesto!

– CONTRA A BNCC E O GOVERNO GOLPISTA

– PELA REVOGAÇÃO DA REFORMA DO ENSINO MÉDIO

– POR UMA EDUCAÇÃO PÚBLICA, ESTATAL, GRATUITA E DE QUALIDADE