Nota de repúdio a demissão arbitrária da Professora Irene Pontes
A eleição de Jair Bolsonaro aliada às “ideias” do movimento Escola sem Partido trouxe um clima de insegurança aos professores pelo Brasil afora, seja em escolas, institutos federais ou universidades.
Estes profissionais, que batalham diariamente pela educação, sem contar com a estrutura e os recursos necessários para trabalharem, e principalmente sem o devido reconhecimento por parte do Estado burguês, agora também passaram a sofrer com a falta de liberdade de cátedra garantida pela Constituição Federal de 1988, ao terem suas aulas gravadas sem autorização por alunos envolvidos pelo atraso, e alimentados pelo discurso de ódio que emana do governo federal e suas linhas auxiliares de propagação ideológica.
Em mais um ato contra a liberdade de expressão na escolha do conteúdo trabalhado em sala de aula, em mais um ato de criminalização daqueles e daquelas que ousam lutar por aquilo em que acreditam, em mais um ato de desrespeito à uma trabalhadora no exercício de suas funções, a professora de História Irene Pontes, do Colégio Tiradentes da Polícia Militar de MG, teve uma de suas aulas gravadas quando, depois de ter passado todo o conteúdo previsto, resolveu como era de costume ao final de suas aulas, exercitar o pensamento crítico de seus alunos. Para tal, a professora Irene trabalhou a questão do assassinato do músico Evaldo dos Santos Rosa, morto com 80 tiros efetuados pelo Exército Brasileiro na cidade do Rio de Janeiro em abril deste ano, quando estava indo com a família para um chá de bebê.
Vale ressaltar que, segundo o próprio regimento interno do Colégio Tiradentes, um colégio militarizado e que diz se importar com a disciplina, não permite o porte de aparelhos celulares por parte de seus alunos. Mesmo assim a professora Irene teve seus direitos constitucionais violados.
Como se não bastasse, Irene foi demitida de forma arbitrária, irresponsável, incoerente, sem nenhuma justificativa cabível e sem direito a defesa. Não teve por parte da escola nenhuma ação de apoio ou acolhida, ou mesmo escuta do contraditório, ao contrário, tal fato vem trazendo prejuízos emocionais, profissionais e pessoais à professora, sem que a mesma tivesse oportunidade de dar sua versão do fato.
A Unidade Classista repudia veementemente a demissão da professora Irene. Nos solidarizamos à toda luta dos profissionais da educação do Brasil neste momento de escalada da radicalização do discurso de ódio, bem como dos cortes de verbas anunciados recentemente para a educação pública.
Todo apoio à professora Irene Pontes!
Liberdade de ensinar!
Não aos cortes na educação!