No primeiro dia de paralisação, 24% das agências bancárias fecharam, diz sindicato
Valor Econômico
A greve nacional dos bancários começou mais forte neste ano. No primeiro dia de paralisações, 23,6% das agências e centros administrativos dos bancos não funcionaram. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), não houve atendimento em 5.132 postos de trabalho, de um total de 21,7 mil no país.
O principal ponto de divergência entre trabalhadores e setor patronal está no índice de reajuste salarial. Enquanto os bancários pedem 5% de ganho real, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) oferece 0,58%. A data-base da categoria, que representa mais de 500 mil trabalhadores no país, é 1º de setembro.
Carlos Cordeiro, presidente da Contraf, afirma que os representantes dos bancos não se mostraram dispostos a negociar desde que apresentaram a proposta de reajuste salarial de 6%, índice bem inferior aos 10,25% nominais pedidos pelos trabalhadores. “Os bancos apresentam uma postura intransigente. O movimento dos bancários nos últimos anos tem surpreendido pela adesão também nos bancos privados. É dessa adesão que vem a força das greves agora”, afirma.
Para o diretor de relações do trabalho da Fenaban, Magnus Apostólico, a proposta apresentada pelo setor patronal foi elaborada para ser aprovada pelos trabalhadores. Segundo ele, não há margem para negociar os índices “impraticáveis” pedidos pelos bancários. “Essa greve não faz sentido. Precisamos que os bancários apontem pontos na nossa proposta que precisam de ajuste, mas não há como dar grandes saltos na convenção coletiva que já é a melhor do país”, afirma. Por enquanto, os bancários não mostraram interesse em reduzir a reivindicação por reajuste de 10,25%.
Além da correção salarial, a valorização da participação no lucro e resultados e o reajuste do piso da categoria para R$ 2,4 mil estão na pauta dos bancários. Segundo a proposta da Fenaban, o piso salarial dos caixas na jornada de seis horas chegaria, com o reajuste deste ano, a cerca de R$ 2 mil. “A proposta feita pelos bancos, o setor mais sólido e rentável da economia, é um índice bem menor do que o concedido pela grande maioria das empresas de outros segmentos nos acordos assinados no primeiro semestre”, afirma Cordeiro.
No ano passado, a greve dos bancários durou 21 dias e contou com a maior adesão desde 1985, segundo a Contraf. No auge do movimento, cerca de 10 mil postos de trabalho de um total de 19 mil não funcionaram.
De acordo com o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, cuja base tem 138 mil trabalhadores, 20,8 mil trabalhadores cruzaram os braços no Estado ontem. As próximas assembleias pelo país serão realizadas amanhã.