Movimento do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil reuniu 20 mil trabalhadores, que exigem reajuste salarial e melhores condições de trabalho
O FLUMINENSE
Cerca de 20 mil funcionários que trabalham na construção do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, se reuniram, na manhã da última quarta-feira, na localidade Trevo da Reta, um dos acessos ao local. Na pauta, a assembleia convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de São Gonçalo, Itaboraí e Região (Sinticom) pedia melhorias salariais e das condições de trabalho.
Os trabalhadores exigem aumento salarial de 20%, aumento de 33,33% para o vale alimentação, cesta natalina equivalente ao valor do vale alimentação, hora/prêmio assiduidade, que é a gratificação de duas horas por dia, totalizando 44 horas mês, para o trabalhador que não faltar ao emprego.
O presidente do sindicato, Manoel Vaz, informou que os responsáveis pelas empreiteiras e construtoras que contratam os funcionários que trabalham no Comperj ofereceram propostas que foram rejeitadas pela categoria. Os trabalhadores reivindicam, por exemplo, aumento do vale-refeição de R$ 300 para cerca de R$ 400.
“A categoria rejeitou por maioria absoluta a contraproposta patronal referente à data-base, que é 1º de fevereiro, aprovando uma paralisação por tempo indeterminado, a ser iniciada 48 horas após a realização da assembleia”, informou Manoel Vaz, acrescentando que o objetivo dos funcionários é aumentar a qualidade dos trabalhos desenvolvidos no complexo: “Um ajudante de obra, por exemplo, recebe pouco mais de um salário mínimo, imagina uma pessoa que tem família para sustentar? Como fazer para alimentar o filho e pagar as despesas do lar desse jeito?”, questionou.
Patrões – O Sindicato das Empresas de Engenharia de Montagem e Manutenção Industrial do Estado do RJ (Sindemon) e o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), que representam as empresas prestadoras de serviços no Comperj, consideram a greve dos trabalhadores abusiva.
Segundo os sindicatos, a negociação para a renovação da convenção coletiva já havia sido iniciada com o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e Pesada, Montagem, Manutenção e Mobiliário de São Gonçalo, Itaboraí e Região (Sinticom). No entanto, o Sindemon e o Sinicom foram surpreendidos com a greve durante esse período de negociação, além de não terem sido comunicados sobre a greve com a antecedência mínima de 48 horas, conforme prevê a legislação.
“Em abril de 2012 os salários dos trabalhadores do Comperj foram reajustados em 10,5%.
Foram concedidos também ajustes diferenciados para 11 funções com variações entre 12,25% e 16,46%, além de vale-alimentação de R$ 300, mais folga de campo e passagens para alojados. Os pisos salariais daqui são bem maiores do que os de outras regiões do País, o vale-alimentação também é o maior, já tivemos quatro reuniões para negociar a renovação. Não há motivo para greve”, afirmou o advogado do Sindemon, Almir Ferreira Gomes.
Ciente da responsabilidade em cumprir os prazos de execução da grande obra que é o Comperj, o Sindemon e o Sinicom estão convocando os trabalhadores a voltarem aos postos de trabalho. O transporte está sendo mantido normalmente.
“O Sindemon e o Sinicom continuam abertos a negociações”, finalizou Almir Ferreira.
Procurada por O FLUMINENSE, a assessoria da Petrobras, estatal responsável pelo Comperj, informou que as reivindicações dos funcionários são negociadas diretamente com as empreiteiras e construtoras terceirizadas que fazem as contratações.
No Comperj trabalham mais de 25 mil pessoas. A manifestação de chegou a paralisar o trânsito na Rodovia Presidente João Goulart (RJ -116), entre 7h e 10h. O tráfego apresentou retenções no sentido Friburgo, mas se manteve normal no sentido Itaboraí.
O complexo começou a ser construído em 2008 e a previsão é que fique pronto até 2016. Está prevista a construção de duas refinarias, além de uma indústria petroquímica.