Mais acidentes e mortes no trabalho no ano passado
O Globo
Aumentou o número de acidentes e mortes no trabalho no Brasil em 2011, de acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social, divulgado ontem pelo ministério. Foram mais 130 acidentes fatais no ano passado frente a 2010. Morreram trabalhando 2.884 pessoas contra 2.753 em 2010, uma alta de 4,7%. Restrito aos empregados com carteira assinada, o registro mostrou 711.164 acidentes, considerados os típicos (aqueles que acontecem durante o trabalho) e os de trajeto. Em 2010, houve 709.474.
– Apesar de ter aumentado o número de mortes, diminuiu o de consequências mais graves, como invalidez permanente – afirmou Cid Pimentel, diretor do Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional.
Segundo Pimentel, a Previdência ainda está analisando os números para saber o motivo da alta. Nas contas do médico do trabalho Zuher Handar, consultor da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o aumento do número de empregados com carteira assinada pode explicar essa alta. Os vínculos empregatícios subiram de 48,2 milhões em 2010 para 51,8 milhões. Assim, a taxa de mortalidade ficou praticamente estável de um ano para outro:
– O ideal é que diminuísse. Alguma alavanca está segurando a queda. É necessário uma política mais ousada, mais forte para quebrar essa alavanca.
Na construção civil, a elevação foi mais expressiva. Houve 59.808 acidentes, 6,9% superior aos 55.920 de 2010. Para Pimentel, a explicação inicial também é de aumento dos trabalhadores registrados:
– O salto na empregabilidade foi maior que os 6%.
Mais mulheres se acidentaram ou adoeceram no ano passado. Apesar de responderam por 29% dos acidentes, a alta em 2011 entre elas foi de 3% contra queda de 0,9% entre os homens.
Segundo Handar, as mulheres estão em setores onde há mais incidência de lesões por esforço repetitivo e transtornos mentais, doenças mais bem medidas pela Previdência nos últimos anos.