Maioria faz acordo. PF se opõe

Correio Braziliense

Até o início da noite de ontem, 90% dos funcionários públicos em greve tinham aceitado a proposta do governo: 15,8% de reajuste, divididos em três anos. Policiais federais recusaram a oferta e protestaram acampando na porta do Ministério da Justiça.

Diante do “pegar ou largar” proposto pelo governo, 30 categorias aceitam o aumento salarial médio de 5% nos próximos três anos

O movimento sindical cedeu diante do tudo ou nada da equipe da presidente Dilma Rousseff. Até o início da noite de ontem, último dia fixado para que os servidores aceitassem o reajuste salarial proposto pelo governo, 90% dos funcionários públicos que haviam entrado em greve concordaram em interromper o movimento. Segundo o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, chegava a 30 o número de categorias que aceitaram a correção de 15,8% ao longo de três anos.

O secretário ainda esperava novas adesões noite adentro. “Algumas categorias não assinaram, mas a imensa maioria sinalizou que irá aceitar. Vamos ficar aqui até a meia-noite”, afirmou. Entre as entidades que fecharam acordo estão a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (AsfocSN) e o Sindicato de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes).

Os fiscais agropecuários, os trabalhadores administrativos da Polícia Federal, os servidores da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e da Controladoria-Geral da União (CGU) e a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) também chegaram à conclusão de que não tinham outra saída, apesar de terem postergado por mais um dia a formalização do acerto.

“Amanhã (hoje), assinaremos com entidades do chamado “carreirão”, que representam a maior parcela de servidores”, disse Mendonça. Apenas a Condsef representa cerca de 80% dos servidores do Executivo Federal, sendo 22 carreiras e aproximadamente 800 mil trabalhadores entre ativos, aposentados e pensionistas. As 18 categorias que concordaram em sair da greve somam 510 mil servidores.

Durante a assembleia da Condsef, o clima tenso não impediu momentos de bom humor. A servidora Luzimary de Menezes, do Hospital das Forças Armadas (HFA), se fantasiou de presidente Dilma e circulou entre os trabalhadores com mensagens de esperança. “É para o povo pensar”, explicou.

O impacto orçamentário do reajuste para o chamado “carreirão” será de R$ 3,9 bilhões em três anos. Sérgio Mendonça não soube estimar qual o peso de todos os reajustes, prometendo apresentar hoje um balanço dos entendimentos.

O secretário reiterou que quem não assinou o acordo poderá voltar à mesa de negociação, mas apenas para discutir os reajustes referentes a 2014. Servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), da Polícia Federal, do Banco Central e auditores da Receita Federal já decidiram não aceitar a proposta oficial e continuar negociando a reestruturação das carreiras.

Apesar de o governo ter divulgado, na semana passada, que 11.495 servidores tiveram desconto em folha, Sérgio Mendonça disse que não há intenção de punir os grevistas com o corte de ponto. Mas afirmou que, tão logo a greve termine, a reposição dos dias parados será discutida. “Um plano de reposição das horas trabalhadas vai ser discutido com os órgãos onde houve paralisação”, afirmou.

Volta ao trabalho

Servidores de 18 categorias ligadas

à Condsef aceitam a proposta de reajuste do governo. Confira quais os órgãos:

Funasa

Funai

Arquivo Nacional

Imprensa Nacional

Museu do Índio

Embratur

Secretaria de Patrimônio da União

Polícia Rodoviária Federal (só técnicos administrativos)

Ministério da Saúde

Ministério da Previdência

Ministério do Trabalho

Ministério da Cultura

Ministério da Fazenda

Ministério da Agricultura

Ministério do Planejamento

Ministério da Justiça

Ministério dos Transportes