Lavadores de carro pelo direito ao trabalho

rededeluta

Goiânia tem presenciado nos últimos dias uma ofensiva do MP-Ministério Público contra os trabalhadores que lavam carro na Praça Tamandaré.

Sob o argumento de que uma grande quantidade de produtos poluentes é levada à galeria pluvial, de que a prefeitura não teria instalado coletores de resíduos e de que se trata de utilização de espaço público para lucro particular, o promotor Maurício Nardini mandou lacrar hidrômetros, impedindo o trabalho de mais de 90 pessoas.

O que o MP não diz e tão pouco a mídia empresarial relata é que todos os nove pontos de lavagem de carro pagam uma licença anual de uso para a prefeitura, que todos lavadores pagam à Saneago mensalmente a água utilizada, pagam pela energia e que os mesmos tem licença de uso do espaço. Omite que a Prefeitura de Goiânia não cumpre sua obrigação de construir as caixas coletoras de resíduos, que resolveria a questão ambiental alegada. Resumo da ópera: a prefeitura não cumpre a sua parte e quem é penalizado é o trabalhador.

Mais uma vez o M.P. segue a risca a fama de ser um leão com trabalhadores e movimentos sociais e um gatinho para com o poder executivo e os empresários. Onde estava esse mesmo M.P. para impedir a construção de prédios sobre região de nascente de rios no bairro Goiânia 2 ? Onde estava para impedir a construção dos hipermercados Pão de Açúcar, na própria Tamandaré, e Extra na avenida D , que tanto contribuem para a péssimo trânsito, poluição sonora e emissão de gases ? Os moradores da região norte querem saber se esses lavadores de carro estão poluindo ao menos 10% do que a UNILEVER polui cotidianamente, fora os odores insuportáveis, sem ter suas atividades suspensas.

Se o promotor Maurício Nardini acha um absurdo o uso do público para lucro privado, deveria se posicionar contra as OS-Organizações Sociais privadas que administram hospitais públicos, contra os já anunciados pedágios nas rodovias estaduais, contra a venda de áreas públicas à especulação imobiliária, essa mesma que valoriza seus imóveis às custas de obras públicas, deveria pedir a suspensão de isenção de impostos á grandes empresas e faculdades particulares .

SOLIDARIEDADE – SOMOS TODOS TRABALHADORES

Um grupo de estudantes, professores e militantes de diversos movimentos sociais se reuniram

no dia 22 de março com os lavadores de carro da Praça Tamandaré. Nesse importante momento de integração foi possível conhecer a história desses homens e mulheres, trabalhadores, que há anos, alguns desde os anos oitenta, conseguem ali seu sustento.

Segundo alguns relatos, apesar de grande apoio de pequenos comerciantes e trabalhadores da região, existem suspeitas de que alguns moradores de prédios de luxo se incomodam com a presença dos lavadores de carro. Percebemos então que a ação do M.P. serve muito mais a um processo de higienização social a serviço de uma classe média alta, que quer fazer do Setor Oeste o seu shopping a céu aberto, se escondendo das mazelas sociais que a concentração de riqueza provoca em nossa cidade.

Nós professores, estudantes, militantes sociais nos comprometemos a constituir um movimento de solidariedade a esses trabalhadores, a apoiar e auxiliar na organização da Associação dos Lavadores de carro de Goiânia. Tal experiência de luta e resistência demonstra que só os trabalhadores organizados, solidários e em luta podem garantir seus direitos.

MENTIRAS MIDIÁTICAS

Como ação imediata esse movimento de solidariedade vêm a público dizer que é MENTIRA o que os órgãos da imprensa empresarial vêm divulgando: que os hidrômetros lacrados foram rompidos à revelia da decisão judicial pelos lavadores de carro. Parte dos trabalhadores estão parados, enquanto a outra parte pagando por baldes de água para continuar a trabalhar, porém a eficácia do trabalho e o preço prejudicam seu serviço.

A mídia tenta colocar a sociedade contra os lavadores divulgando notícias falsas.

Fonte: pcbgo.com.br