Jornalistas do Rio vencem 1º round contra a Globo
Os jornalistas do município do Rio de Janeiro conquistaram o piso salarial de R$ 2.432,72 na campanha de 2015, após mais de 20 anos sem qualquer salário mínimo. A decisão unânime é dos desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), através de dissídio coletivo impetrado pelo Sindicato dos Jornalistas, diante da intransigência patronal capitaneada pela Rede Globo de Televisão.
Além do piso, os jornalistas conseguiram reajuste pela inflação (7,13%) retroativo a 1º de fevereiro, data-base da categoria, estendido à PLR, auxílio-alimentação, transporte e aumento real de 1%.
Os jornalistas que trabalham em impressos – jornais e revistas – ainda estão em negociação com os patrões, que repetem a intransigência neste segmento da categoria, assim como sórdidas práticas antissindicais, como tentar forçar os trabalhadores a participarem de abaixo-assinado contra o sindicato, aceitando salário R$ 900 inferior ao estipulado em lei.
No primeiro semestre, os jornalistas do Rio conseguiram aprovar na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) um piso salarial, cujo valor estipulado para 2015 foi de R$ 2.432,72. É a primeira vez em mais de 20 anos que esses trabalhadores voltam a ter um salário mínimo, já que durante esse período o sindicato ficou nas mãos de pelegos, sindicalistas chapa branca que se aliaram aos patrões, acabaram com o piso salarial e firmaram acordos rebaixados, arrochando ao extremo a categoria.
Jogo sujo
Os patrões de rádio e televisão não aceitaram cumprir a lei. Capitaneados pela Rede Globo de Televisão, a maior redação do país, levaram para as assembleias da categoria centenas de jornalistas fiscalizados por capatazes para votar a favor da proposta patronal, de piso salarial de R$ 1.500,00. Mais de R$ 900,00 inferior ao piso conquistado em lei. Até carros da TV Globo, fato inédito, foram disponibilizados pelos patrões para derrubar a proposta da diretoria do sindicato, de só assinar acordo com a garantia do pagamento do piso salarial.
Com essa tática os patrões conseguiram uma primeira vitória nas assembleias, mas como a decisão repercute nos demais segmentos da categoria – jornalistas de impressos e de assessoria de imprensa – foi realizada uma assembleia geral extraordinária, que reúne os três segmentos, com a vitória dos trabalhadores.
Os patrões e seus prepostos ainda tentaram pressionar, com entrega de abaixo-assinado no sindicato e publicações nas redes sociais, algumas delas extremamente ofensivas, repetindo o fascismo que ressurgiu em outras áreas da política nacional.
Nada conseguiram. A categoria e a diretoria do sindicato se mantiveram firmes e entraram com dissídio coletivo no TRT. O próprio Ministério Público do Trabalho recomendou aos juízes a aceitação da proposta dos trabalhadores.
A decisão judicial é passível de recurso, mas não impedirá a mobilização da categoria, que já começou a campanha salarial de 2016 e se mantém firme na luta por seus direitos.