Itamaraty entra em greve e funcionários dos Correios também ameaçam parar

Valor Econômico

Servidores do Itamaraty entraram em greve ontem. Segundo sindicalistas representantes da categoria, funcionários de 26 postos brasileiros no exterior aderiram à greve. Essa é a segunda paralisação recente da categoria. Entre junho e julho, os servidores do Ministério das Relações Exteriores pararam por 14 dias. De acordo com o Sindicato Nacional dos Servidores do MRE (Sindltamaraty), na ocasião, a paralisação envolveu 75% dos servidores e atingiu 130 postos do Itamaraty no Brasil e no exterior.

Os grevistas se queixam da falta de negociações com o governo. Eles querem 22% de reajuste salarial, como as demais categorias em greve do funcionalismo federal.

Já os funcionários dos Correios ameaçam iniciar uma greve até o início de setembro. O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Distrito Federal e Região do Entorno (Sintect-DF) informou que tem reunião com representantes da estatal na terça-feira para discutir o reajuste salarial de 2013. Depois de assembleias em todos os Estados, a categoria informou à direção dos Correios a rejeição da proposta de reajuste de 3%.

Para tentar pôr fim à onda de greves no setor público, a Secretaria de Relações de Trabalho, do Ministério do Planejamento, realizou três reuniões ontem com servidores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, além dos analistas em infraestru-tura. Nos três casos, o governo manteve a proposta de reajüste de 15,8% fatiados em três anos. Os sindicatos dependem da decisão das bases para definir se a mobilização continua.

O mesmo reajuste foi oferecido pelo Executivo ao Judiciário, segundo informou o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Bnt-to, ao Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União (MPU) no Distrito Federal (Sindjus-DF).

O Sindjus-Df pediu ao ministro para “lutar” por reajuste maior, “já que 15,8% em três anos é a mesma proposta apresentada a categorias do Executivo que tiveram reajustes há dois ou três anos e os servidores do Judiciário e do MPU estão há seis anos sem reajuste”, informou, em nota.

O Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior (Andes) elaborou uma contraproposta ao reajuste de 25% a 40% oferecido no início de agosto pelo governo. No documento, apresentado ontem aos deputados da Comissão de Educação da Câmara, ele propõe que o docente possa atingir o topo da carreira mesmo se não obtiver títulos de mestrado e doutorado. A contraproposta não incluiu aumento no reajuste definido durante as negociações, informou ontem a assessoria do Andes.

O governo já afirmou em diversas ocasiões que não reabrirá as tratativas. Também não abre mão da exigência de titulação para a progressão na carreira.

Para tentar um avanço, o Andes apresentou a sua contraproposta ao deputados federais. E protocolará o documento nos ministérios da Educação e do Planejamento. A greve nas universidades federais, que no auge teve uma adesão de 57 em 59 universidades, começou em meados de maio. Hoje, 52 instituições ainda estão em greve parcial.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, estimou ontem que a greve dos técnicos administrativos das universidades federais deve acabar na segunda-feira. Segundo ele, servidores de 36 universidades federais em greve já votaram em assembleias para que a proposta de reajuste apresentada pelo governo seja aceita. Catorze teriam votado contra. Em relação ao impasse dos docentes em encerrar a greve, Mercadante destacou ainda que o Executivo cobrará a reposição das aulas perdidas pelos alunos por conta da paralisação.

A informação de Mercadante foi confirmada pela assessoria da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra) que disse que a maioria dos técnicos-admi-nistrativos de universidades federais aceitou a proposta de reajuste salarial oferecida pelo governo, de 15,8% fatiados em três anos

Para hoje, os analistas tributários da Receita, também em greve, programaram protestos em frente aos prédios do Ministério da Fazenda em diversos Estados.