GREVE GERAL, OCUPAÇÕES E A JORNADA QUE TEMOS PELA FRENTE
Balanço da greve do funcionalismo público do Paraná.
Mais uma vez, os deputados paranaenses demonstraram covardia diante da grandeza do funcionalismo público: ao invés de fugir de camburão, escolheram se entocar no teatro Ópera de Arame, protegidos por intenso aparato policial. Com um efetivo de mais de 800 policiais, cerco às imediações do local com cadastramento de moradores e até mesmo a cavalaria pronta para agir, encaminharam a votação da lei que avançará ainda mais na sangria da previdência dos servidores públicos.
O movimento grevista, apesar da baixa adesão, demonstrou de maneira aguerrida que o caminho para enfrentar as investidas que se intensificam contra nossos direitos deve ser a radicalização de nossa resposta – “ocupar e resistir!”, tal como nas palavras de ordem que foram ecoadas durante a ocupação da ALEP. No entanto, o movimento teve seu principal limite na demanda por um número maior de pessoas e desta maneira, mesmo com a contrariedade daqueles e daquelas que serão diretamente atingidos, se confirmou a votação da reforma da previdência estadual.
Esse episódio de nossa luta nos aponta importantes reflexões sobre os rumos do sindicalismo e as saídas que precisamos construir para o próximo período. Para nós da Unidade Classista, esse foi mais um momento no qual drasticamente nos defrontamos com o caráter de classe do Estado. Mobilizaram todo um aparato militar e judiciário em prol dos seus interesses, atendendo assim aos anseios do capital, em especial o setor financeiro – grande vencedor com a reforma aprovada.
Fica evidente que o atual modelo político econômico está exclusivamente a serviço da burguesia, condenando toda a classe trabalhadora, cada vez mais, a um nível bárbaro de exploração e a condições de vida humanamente degradantes. O projeto político do governo Ratinho Jr, alinhado ao governo Bolsonaro, visa pauperizar ainda mais a classe trabalhadora, inclusive os já aposentados; aumentar a massa de desempregados e estrangular ao máximo os serviços públicos, abrindo cada vez mais espaço ao setor privado, o qual a única preocupação é o lucro.
Para construir a resposta popular que será capaz de reverter esse projeto em curso no Paraná e no Brasil, precisamos retomar a organização pela base das trabalhadoras e dos trabalhadores, apostando na mobilização e na luta como as únicas saídas possíveis para nossa resistência e longe de qualquer ilusão nas instituições burguesas que dominam o aparato estatal. Estas ilusões são frequentemente alimentadas pela CUT e pela atual direção estadual da APP Sindicato e prestam um desserviço para a elevação da consciência de classe dos trabalhadores, podendo inclusive, comprometer o futuro dos sindicatos diante da conjuntura de avanço da extrema direita que vivenciamos.
O movimento de ocupação da ALEP foi necessário e importante, porém insuficiente diante do contexto e da correlação de forças. Ainda assim, a ação de ocupar um espaço público deve ser exaltada, não como um fetiche, mas como um instrumento e tática de luta. Tudo indica que diante dos constantes ataques, será cada vez mais necessário utilizar destes meios para resistir. No entanto, é preciso combinar as ações radicalizadas (ou seja, aquelas que atacam a raiz dos problemas) com um intenso trabalho nas bases, retomar o diálogo com a população por meio de panfletagens, assembleias, aulas públicas, construir comitês populares em defesa dos serviços públicos.
No que toca a educação pública, urge retomarmos ações coletivas que se proponham a dialogar com a cominudade sobre o projeto que avança a passos largos no interior das escolas. Precisamos retomar nossa força enquanto categoria e reconquistar o apoio ativo da população na defesa da educação pública. Entramos numa quadra da história em que é urgente retomarmos as discussões sobre qual escola queremos e qual escola está no horizonte dos interesses de Ratinho Jr., Renato Feder e seus capachos alinhados com a Fundação Lemann, Banco Itaú e Banco Mundial.
A mercantilização e o empresariamento da educação devem ser enfrentados denunciando suas consequências nefastas para a juventude e os trabalhadores da educação: o fechamento de escolas, a exclusão de milhares de jovens e adultos que dependem da EJA e do Ensino Médio noturno para acessar a educação básica, a precarização avassaladora das condições formativas dos jovens e a piora nas condições de trabalho de quem vive no chão das escolas acompanhado do aumento no desemprego dos educadores são questões que precisamos debater e enfrentar de maneira organizada para além dos muros das escolas, envolvendo toda a comunidade escolar.
Esses são os caminhos que temos pela frente: uma longa jornada de lutas, na qual não haverá atalhos para retomar as condições necessárias para virar o jogo da luta de classes. É com a disposição revolucionária de retomar a organização no chão das escolas, nas ruas e nos bairros, que a Unidade Classista se soma na construção das bases de um sindicalismo classista e combativo, que avance para além das pautas econômicas e que seja capaz de derrotar a investida capitalista sobre as trabalhadoras e os trabalhadores e construir o poder popular no rumo do socialismo.
Àquelas e àqueles que se mobilizaram, que buscaram convencer os colegas nos locais de trabalho a aderir à greve e que bravamente ocuparam a Assembleia Legislativa (ALEP) nos dias 03 e 04 de dezembro, deixamos nossa saudação fraterna e camarada. Apontaram o caminho da luta mesmo que às custas de sangue, suor e cansaço e por isso mesmo, são imprescindíveis.
LUTAR, CRIAR PODER POPULAR!
UNIDADE CLASSISTA FUTURO SOCIALISTA!
Dezembro de 2019