Greve dos garis no RJ enfrenta a prefeitura e desmoraliza sindicato pelego

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Um grupo de mais de 400 trabalhadores da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) realizou protesto, no início da tarde do sábado (1), em frente à Prefeitura do Rio, na Cidade Nova, no Centro da cidade. A categoria ameaçava entrar em greve.

Eles deram início à manifestação na Tijuca, em frente à sede da Comlurb, na Rua Major Ávila, e caminharam até a sede administrativa da prefeitura, A conhecida pelos cariocas como “Piranhão”. Segundo o Centro de Operações da Prefeitura do Rio, durante o protesto, o grupo interditou o tráfego nas ruas pelas quais passou. A PM não conseguiu intimidar a manifestação, mas acompanhou todo o percurso do ato.

Ao tentarem protestar no Sambódromo, policiais do Batalhão de Choque da PM, que tentavam intimidar os trabalhadores desde o início, atacaram de forma covarde. Os jagunços do governo Sérgio Cabral usaram cassetetes, bombas de efeito moral, gás de pimenta e houve muita pancadaria.

Na manhã do domingo (2), os garis voltaram a protestar, em frente à Cidade Nova. Os manifestantes, que cobram melhores condições de trabalho, fecharam uma parte da Avenida Presidente Vargas e seguiram em direção à Candelária.

A categoria pede reajuste salarial de R$ 803 para R$ 1,2 mil, aumento no valor do tíquete alimentação diário de R$ 12 para R$ 20 e o pagamento de horas-extras para quem trabalhar nos domingos e feriados, como previsto em lei. Em entrevista ao Jornal “O DIA” uma das lideranças do movimento, a trabalhadora gari Edna dos Santos, declarou: “Chegamos a trabalhar dobrado em época de carnaval e não ganhamos um centavo a mais”.

Mais uma vez o protesto é acompanhado pelo Batalhão de Policiamento Militar de Grandes Eventos, que, pelo segundo dia consecutivo não usa identificação nas fardas. Questionado pelo jornalista do Jornal “O Dia”, o Coronel PM Wagner Vilares apresentou uma desculpa esfarrapada: “Estamos com equipamento novo e ainda estamos fazendo a identificação”. De acordo com coronel, a identificação não é “uma obrigatoriedade legal, mas administrativa”. Segundo sua própria declaração o oficial em comando não conhecia seus comandados. O citado jornal procurou a Defensoria Pública do Estado do Rio que não foi localizada para comentar a ausência de mecanismo que permita identificar os militares.

Só com a paralisação o trabalho é reconhecido e aumenta a repressão

Ainda segundo reportagem do mesmo jornal “sem limpeza urbana, o centro da cidade amanheceu com bastante sujeira nas ruas após a passagem do tradicional Bloco do Bola Preta, no sábado de Carnaval. Montantes de lixo com sacos plásticos, garrafas de vidros, entre outros materiais, ocuparam as vias.”

“Também houve problemas no Aterro e em pontos onde aconteceram eventos carnavalescos, como o Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel. A Rua Soldado Bernardino da Silva, em Vila Kosmos, Zona Norte do Rio, onde todo sábado ocorre uma feira livre, ainda não teve o lixo recolhido na manhã deste domingo.”(*)

Sindicato pra quem?

Ainda na tarde do dia primeiro de março, a desembargadora Rosana Salim Villela Travesedo, do Tribunal Regional do Trabalho do Estado do Rio de Janeiro (TRT-RJ), declarou a “abusividade e ilegalidade” de qualquer movimento de paralisação dos garis vinculados à Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb).

A sentença destaca que o “movimento paredista” ocorre no curso da negociação do dissídio coletivo de 2014 da categoria. A juíza determinou a imediata suspensão do movimento, de forma a garantir o funcionamento dos serviços essenciais de coleta e disposição do lixo domiciliar e urbano, “sob pena de multa diária no caso de descumprimento”. A multa tem valor de R$ 25 mil.

Infelizmente, através de uma nota, o Sindicato de Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro declarou que a paralisação foi feita por um grupo de garis “sem representatividade junto à categoria” e que não houve prejuízo ao trabalho de coleta e disposição do lixo efetuado pela Comlurb no primeiro dia oficial do carnaval carioca. O que a Justiça do Trabalho e o sindicato não dizem é que a pauta de reivindicações para ajuizamento de dissídio coletivo de 2014 dos empregados da Comlurb foi entregue em 23 de janeiro.

Fica claro que o TRT-RJ ou o sindicato não representam os anseios e interesses da categoria. A Eminente Desembargadora não multa a prefeitura de Eduardo Paes pelo não pagamento de horas extras ou pelo não imediato atendimento das reivindicações da categoria, mas sim a entidade de classe, após mais de um mês de intransigências, sem negociações ou propostas.

O Sindicato de Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro, que terá de pagar a multa imposta pelo tribunal, se recusa a se colocar ao lado dos trabalhadores defendo suas reivindicações. Prefere bajular a prefeitura e tenta desqualificar a luta por melhores condições de trabalho e salários.