Greve de motoristas de ônibus tem 100% de adesão e paralisa obra da Usina de Santo Antonio
sinttrar.com.br
Em assembleias realizadas na manhã da sexta-feira (08), às 05:00 h, em frente às garagens das empresas de ônibus que transportam os operários da Usina de Santo Antônio no Rio Madeira, a categoria rejeitou as propostas patronais apresentadas em audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) na quinta-feira (07), de reajuste linear de 12% parcelado em duas vezes, sendo uma este mês e a outra em fevereiro de 2014 ou, alternativamente, de 10% neste mês de novembro. Com a rejeição, o início da greve que havia sido suspensa no dia 7 foi deflagrada de imediato.
A partir da deflagração do movimento, o comando de greve iniciou as providências para assegurar os serviços essenciais, como o funcionamento do refeitório para os trabalhadores alojados e serviços de segurança, garantindo o transporte dos profissionais dessas áreas; bem como, fazer a retirada de todos os operários do turno da noite, que retornam para a cidade no início da manhã. Além disso, cumprindo o compromisso firmado com o presidente do TRT, os advogados do sindicato informaram o Tribunal, sobre a decisão da categoria, que deverá julgar o pedido de liminar das empresas feito em dissídio de greve.
A expectativa é de uma decisão do TRT sobre o dissídio de greve, sendo que o Ministério Público já deu parecer de que a greve não é ilegal pois cumpriu todos requisitos legais, que o serviço não é essencial já que não atende a população ma sim um obra e que a reivindicação dos trabalhadores está condizente com a realidade dos demais acordos coletivos praticados dentro das duas usinas. Por outro lado, os empresários pedem a ilegalidade do movimento e multa para o Sindicato da categoria; retiram as propostas apresentadas e deixam apenas a proposta inicial de 6% e apostam que uma decisão judicial irá conceder reajuste menor, para com isso tentar obrigar os trabalhadores a voltar ao trabalho.
O impasse se deu principalmente porque os trabalhadores não aceitam um acordo coletivo inferior aos outros três acordos que já foram fechados este ano dentro dos canteiros de obra, que foi de 11% nos salários e 30% no auxílio alimentação para os operários das duas usinas e de 11% e 52% no dos motoristas de ônibus da Usina de Jirau. A reivindicação dos trabalhadores que era de 16% foi reduzida primeiro para 13% e ontem para 12% mais 38% no auxílio alimentação. Um motorista de ônibus recebe atualmente apenas R$ 1.232,00, enquanto que funções semelhantes dentro das Usinas recebe muito mais; sendo que o piso de oficial (pedreiro, marceneiro, etc.) é de 1.392,63 ou 13% maior do que o de um motorista.
Tanto o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário (SINTTRAR), quanto a Central Única dos Trabalhadores (CUT) continuam, independente da greve, tentando buscar construir uma nova proposta com os patrões, inclusive buscando a participação da contratante das empresas de ônibus, que possa a qualquer momento ser submetida à assembléia da categoria. Entretanto, as entidades entendem que qualquer proposta inferior ao que já foi praticado este ano dentro dos canteiros das Usinas não tem chance de aprovação por parte dos trabalhadores, que foram alertados de todos os possíveis riscos de uma greve, inclusive pelo Ministério Público do Trabalho.