Governo e centrais pelegas de mãos juntas
Novamente n’O Estado de S. Paulo:
Palácio do Planalto busca agenda positiva com centrais
O Estado de S. Paulo
Nos primeiros dois anos, governo Dilma Rousseff teve dificuldade de relacionamento com as maiores centrais sindicais
O Palácio do Planalto quer se reaproximar das centrais sindicais. Depois de um “distanciamento crônico”, como interlocutores da presidente Dilma Rousseff definem os primeiros dois anos de governo, a estratégia agora é criar uma agenda positiva com as centrais. Nas próximas sema-nas, o governo vai definir o patamar das Participações sobre Lucros e Resultados (PLR), distribuídas pelas empresas aos trabalhadores que estarão isentas do Imposto de Renda (IR). Além disso, o governo já aceita discutir na segunda metade da gestão Dilma uma eventual redução da jornada de trabalho. Os primeiros dois anos não foram amigáveis, dizem os próprios auxiliares de Dilma. Logo no primeiro mês de mandato, a presidente foi pressionada pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), presidente da segunda maior central sindical do País, a Força Sindical, a conceder um reajuste maior do salário mínimo. Dilma não cedeu. O Ministério do Trabalho ficou 163 dias sem ministro e sem secretário executivo, entre a demissão de Carlos Lupi e a posse de Brizola Neto (PDT), em maio de 2012. Dilma também rompeu os canais de conversa com Artur Henrique, o presidente da maior entidade, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT. Até ser sucedido pelo atual presidente, Vagner Freitas, em julho deste ano, Henrique não mais foi recebido por Dilma, que não engoliu as fortes críticas da central às concessões de três aeroportos à iniciativa privada em fevereiro. Mais tarde, já sob Freitas, a CUT também pressionou o Planalto ao inflar os sindicatos de servidores públicos durante a grande greve de julho e agosto.
Ações
A relação com as centrais tende a melhorar a partir de agora, dizem fontes do Palácio do Planalto. Em 2013, a CUT completa 30 anos, e o governo estuda anunciar até o ato de comemoração, que ocorrerá em junho, o início das discussões formais em Brasília pela redução da jornada de trabalho. A Força passará por uma transição: Paulinho, que preside a central desde 1999, viu sua candidatura a prefeito de São Paulo naufragar (obteve apenas 0,6% dos votos), e deve passar o bastão a Miguel Torres (PDT), elogiado no Planalto. Já a terceira maior, a União Geral dos Traba-lhadores (UGT) apoiou José Serra (PSDB) em São Paulo, mas seu presidente, Ricardo Patah (PSD), declarou publicamente seu apoio a Dilma.